sábado, 31 de março de 2012

Carta Maior: O crime e a Imprensa no Brasil

Quadrilha de Cachoeira mantinha relações com a imprensa
 
 
Desenvolvimentismo e "dependência"
As raízes históricas que marcam o surgimento das “teorias da dependência” remontam ao debate do marxismo clássico, e da teoria do imperialismo, sobre a viabilidade do capitalismo nos países coloniais ou dependentes. Essas teorias nasceram em meio a um clima de estagnação e pessimismo que envolveu praticamente toda a América Latina na década de 60 do século passado, um período de crise econômica e política. O artigo é de José Luís Fiori.
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Demóstenes mentiu ao país quando disse que achava que Cachoeira havia abandonado atividades ilegais. Ele sabia que não

sexta-feira, 30 de março de 2012 No blog do Mello




Logo que foi divulgado que a Operação Monte Carlo da Polícia Federal havia descoberto a íntima ligação entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o senador declarou:

“Depois do escândalo Waldomiro Diniz, eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção, e se dedicasse apenas a negócios legais. Para mim, foi uma surpresa as revelações feitas por essa operação da Polícia Federal”.


Só que "o escândalo Waldomiro Diniz" aconteceu em 2004 e o diálogo de Demóstenes com Cachoeira, gravado pela PF, reproduzido aqui, aconteceu em 29 de abril de 2009.

Logo, Demóstenes mentiu, porque sabia que Cachoeira, em 2009, continuava com sua atividade ilegal, tanto que afirma:


O que tá aprovado lá é o seguinte:" transforma em crime qualquer jogo que não tenha autorização". Então te pega, né?




A imagem é de trecho de reportagem de Jailton de Carvalho publicada em O Globo de hoje e é transcrição de uma conversa gravada pela PF.

A seguir o áudio, conforme reportagem da TV Record, com dica que recebi da Fernanda Andrino e do Antonio Luiz MCCosta via Twitter.

A arte de escrever ao contrário

Há uma indignação na internet com a atitude de Jorge Bastos Moreno, colunista de O Globo, por ter retirado de seu blog o texto de um colaborador – Theófilo Silva – onde se mencionava, en passant, a intimidade entre o “empresário de jogos” (era assim que a revista se referia a ele, como no texto ao lado) Carlinhos Cachoeira e o editor daVeja Policarpo Júnior.
Moreno está sendo acusado de não resistir e até se associar à cortina de silêncio que se quer fazer sobre os 200 telefonemas trocados entre ambos.
Com a mais completa compreensão aos indignados com o que parece – e é – censura ao texto de Theófilo, vejo tudo de forma completamente diferente. Mesmo correndo o risco de “apanhar” de alguns comentaristas, digo qual é minha visão.
Jorge Bastos Moreno é quem foi censurado, porque alguém decidiu que, na coluna eletrônica publicada em seu nome, algo não poderia ser dito.
Moreno tem inteligência suficiente para argumentar, se o quisesse, que uma linha e meia de menção a Policarpo lá pelo décimo ou décimo-quinto parágrafo de um post faria muito menos estrago que a retirada do artigo.
Se Moreno acatou a censura – o que é comum nas redações – fez algo que é raro, raríssimo: publicou a censura, inclusive dando o nome de quem foi o portador da ordem de expurgo do artigo.
Mostrou o boi e o nome do boi, quando podia publicar apenas duas linhas, dizendo – no máximo – que o artigo não respeitava as normas da redação.
Moreno, que se encarna num personagem um tanto bufo e marcado pela cordura, deu seu jeito de informar a verdade, com uma ironia que nem ele próprio pode confirmar aos seus botões.
Ficou numa “saia-justa” em relação à sua propria credibilidade, mas mostrou o que ocorreu, com todas as letras. Deu-se ruidosamente a bater.
Nunca uma cortina de silêncio foi baixada com tanto barulho…
Em “Memórias do Cárcere”, Graciliano Ramos – perdoem as eventuais incorreções, cito de memória – disse: “Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela Sintaxe e terminamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social. Mas nos estreitos limites a que nos coagem a Gramática e a Lei, ainda podemos nos mover”.
Numa tradução livrea, Moreno foi puro Macunaíma,  o “herói sem caráter” do Mário de Andrade
Talvez sem querer, admito, embora duvide, porque estamos “rodados” demais para isso.
Só se foi como o Chaves (o mexicano, não o venezuelano, paciente do Dr. Merval): sem querer, querendo.
No blog do Brizola Neto

Gravações feitas pela PF revelam Demóstenes a serviço de Cachoeira

30 de março de 2012 às 19:05 do VIOMUNDO
por Jaílton de Carvalho, em O Globo
– Escutas telefônicas revelam que o ex-líder do DEM no Senado pôs o mandato a serviço do contraventor
BRASÍLIA – Gravações de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) em 2009 revelam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) faz lobby no Congresso Nacional para o contraventor Carlinhos Cachoeira. As gravações comprovam a relação de íntima amizade de interesses entre os dois. O contraventor chama o senador de doutor. Já Cachoeira é chamado de professor pelo parlamentar.
Confira alguns trechos das gravações da PF:
22/04/2009
Demóstenes e Cachoeira falam de tramitação de projeto que criminaliza o jogo ilegal, mas também legaliza as loterias estaduais.
Cachoeira – (…) Anota uma lei aí. Você podia dar uma olhada. Ela tá na Câmara. 7228 2002. PL. (projeto de lei)
Demóstenes – PL 7228. De que ano?
Cachoeira - 2002. Do Maguito Vilela.
Demóstenes - OK. Fala sobre o que?
Cachoeira - Sobre aquele assunto que eu toquei com você aí. Essa aí acho que está em estado bem adiantado. Dá uma olhada aí.
Demóstenes - Vou levantar agora e depois te ligo ai.
24/04/2009
Demóstenes volta a falar do projeto de interesse de Cachoeira. Ouça o áudio
Cachoeira - (…) Escuta. Aquele negócio que eu pedi para você olhar lá. Já checaram lá? Aquela lei do Maguito?
Demóstenes - Já checaram lá. Ela está na Câmara (…)
Cachoeira - Pois é, você tinha que trabalhar isso aí com o Michel (Temer), né? Pra por em votação. Isso aí seria interessantíssimo né (…)
Demóstenes - (…) É lá isso pode passar por votação simbólica. Como passou no Senado. Se foi modificado, volta para o Senado, você entendeu? (…) Tem que pegar aquele pessoal que está trabalhando no negócio e verificar se o texto te agrada e também se satisfaz aquele presidente lá do negócio, porque senão ele consegue barrar lá. Então trabalha nesse negócio para gente ver como é que faz. Eu vou lá e consigo pautar.
Cachoeira - Ah excelente então. Vamos falar então. Obrigado Doutor.
29/04/2009
Demóstenes e Cachoeira ainda discutem o projeto e o senador alerta para problemas para a atividade do contraventor, mas ele diz que não há problema algum.  Ouça o áudio
Cachoeira - Oi, Doutor
Demóstenes - Fala Professor. Eu peguei o texto ontem da lei para analisar. É aquela que transforma contravenção em crime. Que importância tem a aprovação disso?
Cachoeira - É bom demais, mas aí também regulamenta as estaduais.
Demóstenes - Regulamenta não. Vou mandar o texto procê. O que tá aprovado lá é o seguinte: “transforma em crime qualquer jogo que não tenha autorização”. Então inclusive te pega né? Então vou mandar o texto pra você. Se você quiser votar, tudo bem, eu vou atrás. Agora a única coisa que tem é criminalização, transforma de contravenção em crime, não regulariza nada.
Cachoeira - Não, regulariza sim, uai. Tem a 4-A e a 4-B. Foi votada na Comissão de Constituição e Justiça.
(…)
Demóstenes - Tudo bem, mas e para depois, para regulamentar? Que aí são duas etapas, em vez de uma só. Vou fazer o que você quer, mas isso aí para mim não regulamenta nada.
01/04/2009
Demóstenes Torres conversa com Carlos Cachoeira sobre negócios na Infraero e falam de encontro do ex-presidente da estatal com Dadá, Idalberto Matias (ex-sargento da FAB que faz arapongagem).
Demóstenes – Seguinte, recebi um bilhete aqui do Eurípedes. Teve hoje aqui para tratar com o negócio e encontrou com o Dadá com o ex-presidente da Infraero José Carlos Pereira, que não resolve nada. Eles estão atrás daquele trem para ver se anda. Você podia cobrar do Dadá para ver se anda ou se não anda (…)
Cachoeira - O Dadá é o seguinte: tem umas pessoas que ele não larga de jeito nenhum. E essse b. desse ex-presidente da Infraero…
04/04/2009
Demóstenes ainda tratando de negócio na Infraero com Cachoeira
Demóstenes - O negócio da Infraero, conversei com a pessoa que teve lá. Disse o seguinte: o nosso amigo marcou um encontro com ele em uma padaria, não sei o que. E levou o ex-presidente, cê entendeu? E que aí o trem lá não andou nada. Eles nem sabem o que tá acontecendo. Falaram que eu não falei com o presidente sobre o assunto. Eu falei: ´não, mas eu falei ué´. Aí o que eles querem? Que eu volte lá. Quer dizer. O trem lá não andou porra nenhuma, cê entendeu?
Cachoeira - Mas tem que ser você mesmo. Você que precisava ligar para ele (…) Essa ai da padaria eu não sabia não.
06/04/2099
Demóstenes atende pedido de Cachoeira para ir falar com desembargador Alan Sebastião de Sena, do TJ de Goiás.
Demóstenes - Fala Professor. Acabei de chegar lá do desembargador. O homem disse que vai olhar o negócio e tal. Disse que um deles já tinha estado lá com ele viu? (…) Tem tudo para seguir esse caminho aí. Condenar o delegado e absolver os outros. Vai depender das provas. Se a prova for desse jeito que eu falei e tal, o outro vai também…
Cachoeira - Ele vai julgar rápido?
Demóstenes – Vai julgar rápido. Mandou pegar o papel. Já pegou o negócio lá. Diz que vai fazer o mais rápido possível.
12/05/2009
Demóstenes avisa Cachoeira que vai ter que demitir dois servidores fantasmas, mas depois os recontratará.
Demóstenes - Fala Professor… Ó, é o seguinte: tem uma notícia ruim. Tem que demitir aqui. É a Kênia. E o outro rapaz lá. Tão aqui nos gabinetes procurando servidores fantasmas. Você entendeu ? Então, para evitar problema, no futuro a gente volta a resolver isso aí, falou?
Cachoeira - Tá bom.
Demóstenes – Caça às bruxas aqui. Mas daqui a uns dois, três meses a coisa aquieta e a gente retorna, falou?
Cachoeira - Ok, Doutor.
22/06/2009Demóstenes pede avião fretado para Cachoeira. Pede para o contraventor pagar a conta. Cachoeira aproveita para pedir para senador voltar a falar com magistrado em Goiás.
Demóstenes - (…) por falar nisso tem que pagar aquele trem do Voar. Do Voar não, da Sete né?
Cachoeira - Tá, tu me fala aí. Eu falo com o, com o Vilnei. Quanto foi lá?
Demóstenes - Quanto foi? Três mil.
Cachoeira - Tá eu passo pro Nilo. Deixa eu te falar. Aquele negócio tá concluso aí, aquele negócio do desembargador Alan, você lembra? A procuradora entregou aí para ele. Podia dar uma olhada com ele. Você podia dar um pulinho lá para mim?
Demóstenes - Mesma situação daquele rapaz?
Cachoeira - Ele tá concluso já pro Alan.
(…)
Demóstenes - Tá tranquilo. Eu faço.
OUÇA AS GRAVAÇÕES AQUI>>

quinta-feira, 29 de março de 2012

Os tentáculos do crime organizado em Goiás


Por Mucuim
Relação entre Demóstenes e Cachoeira vai além de telefonemas e presentes
Vinicius Sassine
Publicação: 28/03/2012 11:38 Atualização:
A amizade entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o bicheiro Carlinhos Cachoeira vai além das trocas de telefonemas, dos conselhos sentimentais, da entrega de presentes e dos pedidos de favores, como o custeio do aluguel de um jatinho. Os sinais da intrincada relação entre o senador e o bicheiro nos negócios e na política se tornam mais claros na amizade dos dois com os irmãos Marcelo Henrique e Marco Aurélio Limírio Gonçalves, empresários do ramo farmacêutico em Anápolis (GO) — cidade do bicheiro preso pela Polícia Federal (PF). Os quatro mantêm ou mantiveram negócios em comum e se encontravam com frequência. Demóstenes é sócio de Marcelo Henrique no Instituto de Nova Educação, a Nova Faculdade, em Contagem (MG). O bicheiro é o real proprietário da Vitapan Indústria Farmacêutica, empreendimento de R$ 100 milhões usado para lavar o dinheiro do jogo ilegal, segundo investigação da PF. Marco Aurélio e a mulher já foram donos da Vitapan.

Leia a espantosa decisão judicial sobre a Operação Monte Carlo

Vazou a íntegra do inquérito que originou a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desarticulou quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis em Goiás. São três volumes imensos, contendo diálogos travados entre Carlinhos Cachoeira e a quadrilha.
A decisão da Justiça Federal de Goiás contém trecho em que transparece espanto com o surgimento do personagem Demóstenes Torres e de jornalistas de grandes meios de comunicação entre os quais, de acordo com o jornalista Luis Nassif, estaria Policarpo Jr., da revista Veja.
Reproduzo, abaixo, três páginas da decisão judicial que determinou prisões e outras medidas envolvendo autoridades de vários níveis em Goiás. O inquérito também insinua envolvimento do governo do tucano Marconi Perillo com o crime organizado.
Quem quiser ter acesso à íntegra do inquérito, pode acessar seus três volumes aqui, aqui e aqui. Todavia, os trechos iniciais da decisão da Justiça dão a dimensão da gravidade do caso. Abaixo, as três primeiras páginas dessa decisão.

domingo, 25 de março de 2012

Enteada de Gilmar Mendes é assessora de senador Demóstenes do DEM

Os meus queridos leitores lembram do grampo montado por Demóstenes Torres e Gilmar Mendes no STF, para prejudicar a reeleição de Lula? .“A coisa toda foi montada, inclusive com a participação do Demóstenes e Gilmar que queriam mostrar o governo Lula como ditatorial” ... Os leitores lembram que os grampos foram detectados pela empresa Fence Consultoria Empresarial Ltda, que prestou serviço para José Serra e hoje presta serviço para o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB)..

Mais um capitulo da novela Demóstenes e Gilmar

Hoje na Folha de São Paulo, só para assinante ler

Enteada de ministro do STF é assessora de senador do DEM

Demóstenes Torres emprega em cargo de confiança em seu gabinete uma familiar de Gilmar Mendes

Senador é citado em apuração sobre jogo ilegal, caso que pode ir ao STF; ele e Mendes negam conflito de interesse

Sob risco de virar alvo do STF (Supremo Tribunal Federal), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) emprega em seu gabinete uma enteada de Gilmar Mendes, um dos 11 ministros da corte.

Ketlin Feitosa Ramos, que é tratada na família como filha do ministro, ocupa desde setembro o cargo de assessora parlamentar de Demóstenes, posto de confiança e livre nomeação.

O senador passa hoje por uma crise política por ter seu nome envolvido na Operação Monte Carlo, que desmontou no mês passado um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na exploração de jogos caça-níquel.

Acusado de ser o chefe do esquema, o empresário Carlinhos Cachoeira é amigo de Demóstenes e teve 300 telefonemas com ele gravados pela polícia.

O senador confirmou que recebeu de Cachoeira um telefone antigrampo, um fogão e uma geladeira  uma coziha planejada completa de presentes de casamento. Investigação mostrou que o senador também pediu ao empresário R$ 3.000 para pagar despesas de táxi-aéreo.

Como senadores possuem foro privilegiado (só podem ser investigados com autorização do STF), todo o material que envolve Demóstenes e outros políticos foi remetido para análise do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Ele poderá pedir ao STF autorização para abrir um inquérito específico para investigar o senador. Gurgel não tem prazo para isso.

Se o pedido de inquérito for feito, o caso será distribuído automaticamente a um dos 11 ministros do STF, incluindo Gilmar Mendes, caso ele não se declare impedido.

A enteada do ministro é servidora de carreira do Ministério Público Federal, nível médio, e foi cedida para ser funcionária comissionada do gabinete do senador.

Segundo especialistas, o caso até poderia ser discutido no âmbito da regra antinepotismo porque súmula do STF impede a nomeação para cargos de confiança de parentes de autoridades dentro da "mesma pessoa jurídica".

No caso, a União seria a pessoa jurídica que engloba Judiciário e Legislativo. Ketlin, como enteada, é parente por "afinidade", hipótese contemplada na súmula.

Mas o caso dela é controverso porque há decretos, inclusive do Senado, interpretando que a súmula proíbe o nepotismo só em cada Poder.

No Senado, só parentes de senadores não poderiam ser nomeados. Além disso, Ketlin é servidora de carreira do Ministério Público e o texto do STF não esclarece o que ocorre nesse tipo de situação.

Chico Anísio, fama feita de preconceito



Cultura — Por DESACATO.INFO em 24 March 2012 às 11:08 pm 
Por Luiz Cézar.
Com a morte de Chico Anísio não morrerá a modalidade de humor por ele disseminada. Rafinha Bastos, Danilo Gentili e outros estarão aí para dar continuidade ao legado de deboches e de escárnio às diferenças que o humorista deixou estabelecido como padrão de riso na cultura televisiva brasileira.
Nunca será demais lembrar que Chico Anísio, um escroque a serviço das Organizações Globo fez fortuna marcando as diferenças sociais em seu País: de gênero, de raça, de nível econômico, de religião e de condições de saúde.
Quem não se lembra, tendo mais de 40 anos de idade, de suas imitações de gagos, fanhosos, velhos, mulheres, nordestinos, judeus, umbandistas e homossexuais? Gerações acostumaram-se ao riso fácil das caricaturas que fazia dos mais fracos, reproduzindo depois essa modalidade de humor nas escolas e ambientes de trabalho, de modo a perpetuar a discriminação que pesava sobre os que se encontravam em oposição ao ideário de normalidade da classe média.
Chico Anísio não era um comediante como foi no seu tempo Oscarito, Zelloni, Golias e Zezé de Macedo. Foi um déspota do riso que apontava no meio da multidão o que era destinado à chacota e à humilhação.
Acomodou-se ao regime militar e a ele serviu comandando sessões apelativas de riso que desviavam a atenção dos rumores sobre as atrocidades cometidas pelos algozes, que seus patrões diariamente ocultavam.
Contribuiu para que se criasse em torno do último ditador do ciclo de governantes da ditadura militar, João Figueiredo, uma aura de simpatia e tolerância por meio de um quadro em que mantinha conversas intimistas com o governante.
Afeiçoado a bajulações dos poderosos, ainda depois da ditadura Anísio chegou ao cúmulo de dar sustentação ao confisco da poupança praticado pelos sócios de seus patrões, os Collor de Mello, vindo até a casar-se, em troca disso, com uma das primas e ministra da economia do ex-presidente Fernando Collor, Zélia Cardoso de Mello.
(...) Chico Anísio nunca se recuperou da dispensa de seus serviços pela Rede Globo depois que a emissora – para a qual muito contribuiu com o elevado faturamento de seus programas – decidiu renovar sua imagem nos anos de 1990 apelando a uma nova abordagem de humor, representada por grupos humorísticos egressos do teatro.
Antes que iniciasse a lenta agonia em direção ao destino igualitário da morte, a Globo cedeu à mágoa do humorista e deu-lhe a chance de um breve retorno à cena representando a idosa que fazia ligações telefônicas para o ditador Figueiredo. Só que nesse ato de despedida, quem estava do outro lado da linha era a mulher e ex-prisioneira política Dilma, a quem o preconceito do humorista jamais perdoaria por haver derrotado  o estigma machista e vergar, sem os favores da Globo, a faixa de presidente da República.
Um troco que, por felicidade, a vida dá aos homens sem caráter antes que caiam no esquecimento.

*Luiz César é Economista, Linguista, Mestre em Cultura, Mestre em Tecnologia (todos pela USP) e Master em Gestão Econômica de Projetos pela GV
Imagem tomada de: dignow.org

Do Site DESACATO.

A entrevista de Dilma à revista Veja e a bola-da-vez na 'faxina'

A presidenta Dilma concedeu entrevista, no Palácio do Planalto, para a revista Veja, que foi matéria de capa desta semana.

O que os amigos leitores pensam disso?

Deixando de lado os sentimentos, dos quais já escrevemos aqui em situação anterior semelhante, vamos a análise fria política.

Obviamente uma entrevista destas tem mais significado político do que jornalístico, pois a revista faz oposição escancarada e desleal à Presidenta desde quando ela era pré-candidata.

A revista continua fazendo oposição até na introdução da entrevista, quando alfineta a Presidenta:
Como pano de fundo da semana caótica, havia o fato de Dilma ainda não ter convencido a opinião pública de ser a grande gestora que o eleitorado escolheu para governar o Brasil em 2010. Como escreve nesta edição J.R. Guzzo, colunista de VEJA, capturando uma sensação mais ampla, “a maior parte das atividades do governo brasileiro hoje em dia poderia ser descrita como ficção”. Mas Dilma não estava nem um pouco tensa quando recebeu a equipe de VEJA (Eurípedes Alcântara, diretor de redação, e os redatores-chefes Lauro Jardim, Policarpo Junior e Thaís Oyama) na tarde de quinta-feira passada para uma conversa de duas horas em uma sala contígua a seu gabinete de trabalho no Palácio do Planalto, em Brasília. 
Dilma está com aprovação popular alta, economia sob controle, e ao contrário do que dizem, a crise na base governista é no fisiologismo, e não no governo.

Nesse quadro, ela não precisa de exposição na revista. Demorou 1 ano e 3 meses na presidência para atender as solicitações de entrevista para a Veja. Para a revista Carta Capital ela concedeu entrevista exclusiva em agosto de 2011 (um tempo também longo desde a posse, mas nada parecido com o chá-de-cadeira aplicado à Veja).

Então porque conceder tal entrevista agora, se não estava precisando?

Primeiro é preciso entender que Dilma já deu mostras de ser daquelas governantes que governam com o sentido de missão, e cumpre as missões que considera importantes, independentemente de serem desagradáveis ou espinhosas.

Segundo, é o momento mais oportuno para Dilma diante dos influenciáveis pela revista. A Veja passou meses tentando desestabilizá-la, misturando denúncias verdadeiras com falsas para derrubar ministros, alguns inocentes, visando emplacar com a oposição uma CPI do fim-do-mundo que derrubasse a Presidenta, fosse nas eleições de 2014, fosse antes. Foi um tiro no pé. Pois a aprovação popular da Presidenta subiu, e é a oposição quem está com duas CPI's indigestas na fila: da privataria tucana e do Carlinhos Cachoeira. Além de ter o "aloprado" senador Álvaro Dias (PSDB/PR), que quer uma CPI da Saúde com base nas ambulâncias da empresa Toesa, denúnciada no "Fantástico", que explode no colo de José Serra (PSDB/SP).

Ao mesmo tempo, a correlação de forças de apoio na base governista mudou. Há fila de gente querendo entrar, como a turma do PSD de Kassab. E quem diz querer sair está blefando. E, com isso, Dilma pode tornar-se mais exigente na composição do governo. Por que falar em "crise" quando, em vez de só os partidos pressionarem a Presidenta por espaço no governo, ela também pressiona os partidos? É do jogo político.

Nesse contexto, é que o momento atual da entrevista faz sentido. Pois fica mal na fita parlamentares e partidos que batem de frente com a Presidenta, passando a imagem de chantagem, com ameaças de votações no Congresso.

A lógica acima é válida, mas a revista não é mais tão influente assim, a ponto de uma entrevista, mesmo com a Presidenta fazer tanta diferença.

Então vamos ao terceiro ponto, uma hipótese, por enquanto.

Dilma, com o simbolismo da entrevista, dá mostras de não ser revanchista, nem de perseguir quem a persegue.

Assim a revista não poderá querer se fazer de vítima, se vier a ser a bola da vez na "faxina", não por iniciativa da Presidente, mas pelos próprios atos cometidos pela revista, que vão caindo na malha fina das investigações da Polícia Federal.

A revista tem adotado práticas jornalísticas temerárias e até criminosas, como no caso da tentativa de um seu jornalista invadir um quarto de hotel em Brasília.

A revista está sob suspeita de manter uma proximidade prá lá de esquisita com o esquema Carlinhos Cachoeira, como adverte Luis Nassif na nota "A associação da mídia com o crime":
Está na hora de se começar a investigar mais a fundo a associação da Veja com o crime organizado. Não é mais possível que as instituições neste país - Judiciário, Ministério Público - ignorem os fatos que ocorreram.
Está comprovado que a revista tinha parceria com Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. É quase impossível que ignorasse o relacionamento entre ambos - Demóstenes e Cachoeira.
No entanto, valeu-se dos serviços de ambos para interferir em inquéritos policiais (Satiagraha), para consolidar quadrilhas nos Correios, para criar matérias falsas (grampo sem áudio).
Até que a Polícia Federal começasse a vazar peças do inquérito, incriminando Demóstenes, a posição da revista foi de defesa intransigente do senador (clique aqui), através dos mesmos blogueiros das quais se valeu para tentar derrubar a Satiagraha.
E há um depoimento à Polícia, onde o PM João Dias, envolvido no desvio de dinheiro do Ministério dos Esportes, aparece participando de uma reunião onde se fala em levantar 150 mil para comprar o silêncio da revista Veja. Curiosamente, a revista sempre poupou o PM, omitindo-o do noticiário, só vindo a aparecer com a imagem de "delator", sempre desviando o foco da obrigação dele em devolver R$ 4 milhões aos cofres públicos cobrados pelo Ministério dos Esportes. Confira aqui.

Por fim, cabe lembrar da inconveniência em, querendo ou não, acabar por prestigiar a revista com a entrevista, fortalecendo-a. Mas da mesma forma que a revista não é mais tão influente, não será esta entrevista que irá salvá-la da decadência em curso.
Do Blog Os amigos do Presidente Lula
Leia a entrevista AQUI