sábado, 18 de fevereiro de 2012

Capriles e mídia contra Hugo Chávez

Por Alexandre Haubrich, no blog Jornalismo B:

A mídia hegemônica brasileira nunca escondeu seu rancor em relação a qualquer governo popular, seu ódio a qualquer movimentação de empoderamento do povo. Como não se pode criar poder, no momento em que este passa a ser destinado a quem não o possuía, necessariamente acabam por perder potencial de dominação os opressores de sempre. Entre eles estão alguns setores da mídia e seus patrocinadores, por isso a ojeriza dos conglomerados midiáticos aos anseios populares por poder político decisório.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Serra tem a unidade do ódio

A tucanagem paulistana não está em pé de guerra, como algumas notícias de jornal poderiam fazer crer. Gemidos, ranger de dentes, mas logo estarão convivendo com o inevitável, do qual quiseram escapar.
Serra, candidato, será a solução natural da direita.
Não há, entre seus quadros, alguém que a traduza tanto o ódio, o despeito, o inconformismo com o que a elite vê a “gentalha”  que passou a ser importante no Brasil.
O que a candidatura Serra tem a oferecer a São Paulo, além disso? Um ano e alguns meses de “gestão” até que ele vá, como um fantasma que arrasta as correntes de sua maldição, candidatar-se a Presidente, outra vez. Aliás, um curto tempo em que estará mais ocupado em sabotar Aécio do que com a cidade?
Serra só pode oferecer o ódio e por isso sua cabia tentar evitar sua candidatura.
O ódio nunca é revolucionário, embora a raiva estar presente nas revoluções e às revoluções seja um desafio contê-la. Mas o ódio tem um nível de premeditação e egoísmo que só o reacionário alcança, porque quer impedir e não aceitar.
Qualquer candidato de esquerda, tem de conceder, transigir, abranger, incluir para representar a São Paulo cosmopolita e  polibrasileira.
Tem de ser o avanço, o sim.
Serra tem de ser o candidato do passado, do “não”.
Serra, e nenhum outro, pode expressar isso tão plenamente.
Ele é o mal em estado puro e vai arrastar, na sua partida, “almas”  que em torno dele gravitaram e que não lhe podem escapar, vencendo ou perdendo. Estão, as forças de direita, todas com eles, mas muitas delas loucas por escapar-lhe.
Porque Serra é  um vórtice, não uma fonte; um inverno, não uma primavera. Um destruidor, não um construtor.
Ao contrário de Lula, alguém consegue imaginar Serra estendendo a mão a um adversário? Construindo um caminho comum com alguém, uma nova alternativa?
Serra será o candidato dos que odeiam. Um candidato da carranca, do rancor, da tristeza, da treva.
Contra o qual a alegria e luz podem ser , se o compreendermos e  fugirmos do sectarismo, podem ser invencíveis.
Postado por Fernando Brito

Big Brother Brasil se cristaliza como motel by tv

Big Brother Brasil se cristaliza como motel by tv  
Foto: Reprodução

Bomba, bomba; cenas de sexo de Yuri e Laisa debaixo do edredon literalmente bombam na internet (assista); exibidas pelo pay-per-view; atração de Pedro Bial fica definitivamente carimbada como o maior motel público do Brasil; pergunta: não teria sido didático pelo menos usar camisinha?!?

17 de Fevereiro de 2012 às 20:10
247 – Sexo é bom e todo mundo gosta. Mas é mesmo correto disseminar em rede nacional, num programa com milhões de espectadores, de todas as faixas de idade, o sexo casual, inseguro e em alguns de seus detalhes mais íntimos? A resposta, para alguns, é fácil – não, não é correto! --, para outros também não há dificuldades – sim, sem problemas! – e muita gente também fica no talvez sim, talvez não. O fato é que a questão, à luz do que é recorrente no Big Brother Brasil, da Rede Globo, desperta polêmica.
Proibidos de falar sobre política – portanto, discutir questões outras além das sociais, para eles, impossível --, selecionados pelos atributos do corpo e envolvidos num ambiente alcóolico e diáfano, evolução dos epicuristas do início do século passado, os brothers e sisters passam o dia discutindo seus umbigos e o que está bem perto à volta deles. Entre um papo furado e outro, pegação.
Na noite da quinta-feira, o que se viu, especialmente para quem tinha pay-per-view, foi mais uma cena de sexo casual, agora entre Laisa e Yuri, cujas imagens bombaram, durante todo o dia seguinte, na internet. Nada contra – pelo menos dessa vez não houve acusação de estupro – e nada a favor. O que fica do episódio é a consolidação do Big Brother Brasil como um motel em cena aberta, by tv. Se era isso o que o diretor Boninho e o apresentador Pedro Bial queriam, chegaram lá para não sair mais. Assista:

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Essa não deu no PiG:Maioria dos convênios analisados por ministérios foi considerada regular

O Governo Federal concluiu a análise da regularidade da execução dos convênios celebrados com entidades privadas sem fins lucrativos (ONGs), conforme estabelecido no Decreto nº 7.592, de 28 de outubro de 2011. O trabalho desenvolvido pelos ministérios permitirá a contínua melhoria na execução de convênios e instrumentos congêneres.
No total, foram analisados 1.403 convênios em execução. Destes, 917 (65%) estavam regulares. Outros 181 convênios foram cancelados, a maioria sem início de execução, pois com o decreto 7.568, de 16 de setembro de 2011, tornou-se obrigatório o Chamamento Público para a celebração de convênios com ONGs. Estes convênios não estavam adequados. O Chamamento Público foi disciplinado por portaria conjunta entre Ministério do Planejamento e Controladoria-Geral da União (CGU) no dia 10 de novembro de 2011. Restaram ainda 305 convênios avaliados com restrição, que após processo para esclarecimentos da prestação de contas poderão ser regularizados ou irão constar do cadastro de entidades com restrição para conveniar com o poder público federal.

 
Cada Ministério deverá encaminhar à CGU, com a respectiva justificativa, as entidades com restrição para celebrar convênios para que constem no cadastro de impedimento.

 
Desde dezembro, além do Chamamento Público para realização de convênios com ONGS, todos os órgãos do governo estão obrigados a integrar o Sistema de Convênios (Siconv), inclusive os que têm sistemas próprios, e deverão celebrar e executar convênios somente através do sistema, o que garante acompanhamento e fiscalização on line. O Decreto 7.641, de 12 de dezembro de 2011, deu prazo para implementação dos demais módulos/funcionalidades do Siconv, que entre maio e julho deste ano estará completo, inclusive com a identificação da ordem bancária de transferência voluntária para a entidade.

Selecta terá que indenizar danos de móveis do Pinheirinho

Do Jornal SJC Diário – São José dos Campos
Pinheirinho: Justiça determina reembolso por móveis danificados

A Justiça de São José dos Campos determinou que os sem-teto deverão ser reembolsados, caso tenham tido prejuízos de móveis na reintegração de posse, acontecida no Pinheirinho. A massa falida Selecta será a responsável pelo reembolso.
De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o governo interviu em prol dos ex-moradores da área para que a Justiça fizesse a determinação. Qualquer pessoa, ex-moradora do Pinheirinho, que apresentar prejuízos causados aos móveis que lhe pertencia, poderá pedir o reembolso.
Leia mais »

Pinheirinho: questionada a competência da justiça estadual

Do Ministério Público Federal
Pinheirinho

PGR questiona decisão que manteve competência da justiça estadual
O subprocurador-geral da República Aurélio Rios questiona no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a decisão da Presidência do tribunal que designou o Juízo de Direito da 6ª Vara Cível de São José dos Campos (SP) pra resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes referentes ao caso Pinheirinho. Em agravo de instrumento, o subprocurador pede a reconsideração da decisão agravada. Caso contrário, que o agravo seja submetido à Seção e provido, para que seja declarada a competência da 3ª Vara Federal de São José dosCampos, já que a União tem inegável interesse no feito.
O Ministério Público Federal havia ingressado no STJ, em 22 de janeiro, dia em que foi cumprida a reintegração de posse, conflito de competência, com pedido de liminar, para que fosse suspensa a reintegração da massa falida Selecta Comércio e Indústria S/A na posse do imóvel ocupado pelos integrantes do movimento Urbano Sem-Teto, proferida pela 6ª Vara Cível da Comarca de São José dos Campos, até a definição do juízo competente, e que fosse conhecido o conflito para declarar a competência da 3ª Vara Federal de São José dos Campos para apreciar a questão.

A pobreza cresce nos EUA


Por Sérgio Troncoso
Da BBC Brasil
A BBC visitou nos Estados Unidos alguns acampamentos de sem-teto, cada vez mais numerosos no país desde o início da crise econômica que explodiu em 2008.
Dados oficiais apontam que cerca de 47 milhões de americanos vivem abaixo da linha pobreza e este número vem aumentando.
Atualmente há 13 milhões de desempregados, 3 milhões a mais do que quando Barack Obama foi eleito presidente, em 2008.
Algumas estimativas calculam que cerca de 5 mil pessoas se viram obrigadas nos últimos anos a viver em barracas em acampamentos de sem-teto, que se espalharam por 55 cidades americanas.
O maior deles é o de Pinella Hope, na Flórida, região mais conhecida por abrigar a Disney World. Uma entidade católica organiza o local e oferece alguns serviços aos habitantes, como máquinas de lavar roupa, computadores e telefones.

Governo espera investir 20,8% do PIB em 2012

Por Wagner Rocamora
Do Blog do Planalto
Governo anuncia aumento dos investimentos, que devem alcançar 20,8% do PIB em 2012
MInistros Guido Mantega e Miriam Belchior anunciam aumento nos investimentos em 2012. PAC, Minha Casa, Minha Vida e programas sociais terão os recursos ampliados. Foto: Agência Brasil
O governo federal vai ampliar os investimentos, que deverão atingir 20,8% do PIB em 2012. O anúncio foi feito hoje (15) pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior. O aumento nos investimentos deve chegar a 11% em relação ao ano passado. Assim, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, e os programas sociais terão seus orçamentos ampliados.

A falta de ética na Comissão de Ética

 
A Comissão de Ética da Presidência da República é um órgão de asessoramento, nada mais que isso.
Seus integrantes são nomeados, não eleitos. Sua legitimidade decorre exclusivamente da confiança de quem ocupa o cargo de presidente e os indica.
Portanto, depende exclusivamente da confiança e do julgamento do eleito. O mandato é apenas uma regulação do prazo de investidura, não conferindo estabilidade juridica a ninguém que o exerça. Serve, também, nos termos do decreto – nem lei é – que  a  reformulou, em 2007, para promover o rodízio entre seus membros e limitar a permanência deles, permitindo uma única recondução.
Cinco de seus membros encerrarão estes mandatos em junho e julho deste ano. Dois deles, já reconduzidos, nem mesmo podem continuar lá. Os três outros podem, ou não, a exclusivo critério da presidente Dilma. É o que está na lei.
Ontem, o Estadão disse que Dilma iria trocar três dos integrantes da Comissão. Como já terá, obrigatoriamente, de trocar dois, resta que a presidente usaria apenas uma das outras três vagas que tem a liberdade de preencher.
Normal, natural.
Mas não para a conselheira Marília Muricy – uma das quais tem o mandato expirante -, que vai ao jornal dizer que “seria desonroso” para a presidente excercer seu direito legal de substituir conselheiros.
Como assim, D. Marília? Desonroso? Os conselheiros são donos dos cargos? Qual é a desonra em exercer uma atribuição que está mais do que prevista? A senhora, por si, já decidiu que deve ser reeconduzida? A cadeira de conselheira é um trono imperial?
E ainda diz que não crê que vai ser substituído “quem está exercendo corretamente a função pública”. D. Marília, a senhora é uma mulher culta, deve ter lido Cervantes e não lhe escapou, certamente, a observação de D. Quixote de que louvor em boca própria é vitupério.
É, no mínimo, duvidoso o procedimento que alguns dos integrantes da comisão têm ao comunicar aos jornais um procedimento que ão é decisão, mas simples análise de se é ou não o caso de instaurar procedimento de avaliação de conduta ética.
Está lá, no decreto que institui o sistema de Ética do Governo Federal:
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, até que esteja concluído, qualquer procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas éticas.
§ 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados.
Será que chamar a imprensa para dizer que a Comissão vai ou não decidir se há razão para um procedimento não é um desrespeito ao que está previsto no decreto?
Mais que tudo, será ético um integrante da Comissão, justamente um dos que tem o mandato a se encerrar, ir aos jornais dizer que seria “desonroso” a presidente eleita pelo voto dos brasileiros trocar, no devido prazo, um integrante de um órgão de mero assessoramento?
A senhora, a esta altura, não é uma ingênua que não sabe que isso vai ser usado para criar um constragimento político para a presidente, embora Dilma não vá se vergar a essa manobrinha de terceira categoria.
Até porque  com a condutade um de seus integrante, sendo assim pretensiosa e arrogante, mesquinha e eivada de interesse pessoal, que tipo de Ética se praticará na Comissão?
Aquela da marchinha de carnaval, para aproveitarmos as metáforas da estação, que dizia “daqui não saio, daqui ninguém me tira”?

Dr. Merval “mata” Hugo Chávez até a eleição

No Blog do Brizola Neto

Dr. Merval Pereira, especialista em exames oncológicos e agouros
Como se não bastasse a propaganda aberta de O Globo – até editorial  -  em favor de Henrique Caprilles Radonski contra Hugo Chávez, o jornal agora vai matar o presidente venezuelano antes da eleição.
Dr. Merval Pereira, citando médicos brasileiros que teriam visto exames de Hugo Chávez, diz que o câncer está se espalhando rapidamente em direção ao fígado.
“A saúde do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, pode afetar a eleição presidencial. Os últimos exames, analisados por médicos brasileiros, indicam que o câncer está em processo de metástase, se alastrando em direção ao fígado, deixando pouca margem a uma recuperação.
Como a eleição presidencial se realiza dentro de 8 meses, a 7 de outubro, dificilmente o presidente venezuelano estaria em condições de fazer uma campanha eleitoral que exigirá muito esforço físico, pois a oposição já tem em Henrique Capriles um candidato de união.”
Pode ser, pode não ser.  Não tem nome de ninguém, nem qualquer detalhe de porque e como ser teriam trazido exames de Chávez aqui para o Brasil. Mas que a urubulogia está atingindo as raias do inimaginável, está.
E, que coisa, parece que o Paulo Henrique Amorim tem razão quando fala da “ética” que anda imperando nestas questões de saúde dos políticos que a mídia elegeu como inimigos.

Serra e a eleição para a prefeitura de São Paulo. Será??

Serra e as prévias do PSDB

Por Nilson
Na Folha.com
PSDB articula manobra para incluir Serra na disputa em SP
DO VALOR
O PSDB de São Paulo quer dar mais duas semanas para o ex-governador José Serra decidir se vai disputar a Prefeitura de São Paulo. Para isso, o comando municipal articula mudança nas regras das prévias partidárias para garantir a eventual entrada de Serra na campanha eleitoral.
Os diretórios municipal, estadual e nacional se reunirão depois do Carnaval para definir se haverá mudança na data de inscrição para as prévias, ampliando o prazo para até a véspera da consulta aos filiados, marcada para 4 de março.
De acordo com uma resolução deste ano do diretório municipal, o prazo para inscrição das prévias terminou ontem, 20 dias antes da consulta aos filiados.
Os secretários estaduais Bruno Covas, Andrea Matarazzo, José Anibal e o deputado federal Ricardo Tripoli se inscreveram, mas Serra não.
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MAS...........
 

Militância do PSDB quer barrar Serra

Por KURK
Da Folha.com

Militantes do PSDB convocam ato contra 'golpe das prévias'

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
Simpatizantes dos quatro pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo divulgaram na manhã desta quinta-feira (16) uma convocação para um "ato contra o golpe das prévias".
O texto é uma reação às notícias de que a cúpula do partido estuda uma fórmula de desarmar o processo interno caso o ex-governador José Serra decida entrar na disputa municipal.
Enviado por e-mail aos militantes tucanos, o texto pede que todos se reúnam hoje, no diretório estadual do partido, às 19h, para protestar contra o fim das prévias.
 

Carnaval: o enredo sobre Pinheirinho



No Blog Limpinho e Cheiroso

Carnaval de São José dos Campos será aberto com enredo sobre Pinheirinho

Via Blog Solidariedade a Pinheirinho

No sábado de Carnaval, dia 18, o tradicional bloco Acorda Peão leva às ruas de São José dos Campos a luta por moradia no Pinheirinho e o episódio da violenta desocupação realizada pela PM, realizada no dia 22 de janeiro.

O samba enredo “Covardia Nacional”, de Renato Bento Luiz, diretor do SindMetalSJC, aborda o caso que recebeu cobertura nacional por conta da perversidade da ação da PM, Justiça e governos contra uma comunidade em que viviam milhares de pessoas.

A letra revela quem foi o favorecido, o megaespeculador e megatrambiqueiro Naji Nahas.
Qualquer pessoa pode desfilar no Acorda Peão.
A concentração será a partir das 9 horas, na rua Francisco Paes, 316, no Centro de São José dos Campos.
Participe!
Abaixo ouça o samba. Para baixar a versão completa (6 MB), clique aqui.

Trabalho escravo na Av. Paulista. Viva a Chuíça (*) !


Nada mais parecido com a Chuíça (*) do que a Av. Paulista !

Do amigo navigante Murilo:

Em plena Avenida Paulista!

Trabalhadores de obra da Racional na região da Avenida Paulista são resgatados


Grupo de 11 maranhenses foi libertado. Sem receber salários e com dívidas com empreiteiro, eles tiveram a liberdade cerceada, segundo auditores fiscais


Por Bianca Pyl


Um grupo de 11 maranhenses que trabalhavam como pedreiros e serventes para a construtora Racional Engenharia na ampliação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, em São Paulo (SP), foi libertado de condições análogas às de escravidão em ação realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O flagrante foi feito com base em denúncia de um trabalhador que teve seu salário retido por dois meses. Os representantes da Racional alegam que os empregados eram terceirizados e que a direção desconhecia as irregularidades encontradas.



Obra de ampliação do Hospital (Divulgação)

Os operários tiveram a liberdade restringida, de acordo com Luís Alexandre Faria, coordenador do Grupo de Combate ao Trabalho Escravo Urbano da Superintendência do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP), devido à retenção de salários e às dívidas contraídas com o empreiteiro da obra. Sem receber, eles acabaram sem poder regressar aos municípios de origem, em Santa Quitéria (MA) e Tutóia (MA).


Dos 11, quatro foram aliciados no Maranhão e já chegaram a São Paulo endividados. Os demais trabalhavam em outra obra na capital. Eles foram encaminhados para um alojamento em Itaquera, na Zona Leste da capital, onde, sem dinheiro, passaram a viver em condições precárias. Os operários utilizavam espumas de colchão como papel higiênico. De acordo com auditores fiscais do trabalho, eles não tinham dinheiro sequer para comprar cartões telefônicos e entrar em contato com familiares ou mesmo para se locomover dentro da cidade.


A operação foi finalizada em 10 de fevereiro, quando a Racional recebeu os 28 autos de infração pelas irregularidades encontradas. Deu-se o prazo de alguns dias para que a empresa pudesse se posicionar antes da divulgação do caso por parte da Repórter Brasil. Os trabalhadores retornaram ao Maranhão em 23 de janeiro, após receberem as verbas rescisórias e guias para sacar o Seguro Desemprego do Trabalhador Resgatado.


A obra de ampliação do Hospital Oswaldo Cruz conta com cerca de 280 trabalhadores. No local, ocorreu um acidente fatal em novembro de 2011: um operário morreu ao cair de um andaime da altura de oito andares. A Racional é uma das maiores empresas do ramo no Brasil e, em São Paulo (SP), foi responsável pela construção de shoppings como o Morumbi e o Pátio Higienópolis, de fábricas, hotéis, empresas e obras viárias, entre outras edificações de grande porte.



Detalhe de beliche improvisada (Foto: MTE)

Ônibus clandestino

Segundo as autoridades, os quatro trabalhadores que foram aliciados no Maranhão em novembro do ano passado e os sete outros que já estavam na cidade passaram a trabalhar para Clemilton Oliveira, empreiteiro que foi empregado da Racional por 32 dias e constituiu pessoa jurídica para prestar serviços à construtora. A empresa criada foi nomeada Genecy da Silva Leite ME, nome de sua esposa. O grupo começou a trabalhar na obra em 29 de novembro do ano passado. Procurado pela reportagem, Clemilton não foi localizado.


A Racional alega que é culpa do empreiteiro a situação em que os trabalhadores foram encontrados. Para Luís Alexandre Faria, da SRTE/SP, porém, não há dúvidas quanto à responsabilidade da construtora. pois a empresa Genecy não tem sequer sede e foi registrada no endereço residencial de Clemilton, ex-funcionário da Racional.


“O poder de gestão e direção dos trabalhos era exercido efetivamente pela Racional. A existência da Genecy no mundo empresarial não passa de ficção. Seus trabalhadores e o encarregado e pseudo-empresário Clemilton são completamente dependentes economicamente de seu contratante único e exclusivo: a Racional”, aponta o relatório do MTE.


Os trabalhadores aliciados no Maranhão já chegaram a São Paulo devendo a Clemilton. Um deles declarou que o empreiteiro depositou R$ 250 para compra de passagem e que o valor seria descontado posteriormente. As vítimas viajaram três dias e duas noites, de 25 a 28 de novembro, em um ônibus clandestino e pegaram dinheiro emprestado com parentes para alimentação na estrada. Ao ser questionada sobre a Certidão Declaratória de Transporte de Trabalhador (CDTT), documento que deve ser emitido no local de origem e que é considerado um instrumento importante para o combate ao tráfico de pessoas, os representantes da Racional alegaram que “a Genecy não declarou que trabalhadores tinham origem em outro Estado”.


“A falta de dinheiro para voltar a seu Estado de origem e o constrangimento de retornar à família sem os salários prometidos completam o quadro de coerção moral a que eram submetidos, com clara restrição a seu direito fundamental de ir e vir”, destaca o relatório de fiscalização.



Único banheiro disponível para todos (Foto:MTE)

Condições precárias

O alojamento no bairro de Itaquera, na Zona Leste da cidade, estava em condições precárias. Os empregados dormiam em camas improvisadas; por conta da falta de espaço, elas eram empilhadas formando beliches “totalmente inseguros”, de acordo com Luís Alexandre.


Dentro do alojamento, havia ainda instalações elétricas irregulares e um botijão de gás. O grupo dividia dois copos para beber água e os onze trabalhadores se revezavam para utilizar o único banheiro do local. Além disso, o empregador não disponibilizou papel higiênico, roupas de cama ou mesmo itens como sabonete e pasta de dente.


De 6 de dezembro, data do início da fiscalização, até a conclusão, foram feitas cinco inspeções no alojamento e na obra. Em 11 de janeiro, a Racional foi comunicada pelo MTE sobre as irregularidades encontradas no local em que os trabalhadores estavam abrigados. A empresa limitou-se a rescindir o contrato com a empreiteira Genecy. “Questionados sobre a quitação dos valores devidos aos trabalhadores, e à sua atual situação quanto a alojamento e alimentação, os representantes da Racional nada souberam informar, apenas apresentando à Auditoria os comprovantes de pagamento de R$ 435 a cada trabalhador desligado da obra”, frisa o relatório.


A Racional nega que tenha abandonado os trabalhadores após rescindir o contrato. “A Genecy quebrou o contrato ao não cumprir as suas obrigaçöes, inclusive a de não declarar a existência de alojamento. Ao tomar conhecimento do fato, a Racional atuou para garantir que a Genecy garantisse os direitos das pessoas envolvidas, o que efetivamente ocorreu”, sustentou a empresa, em nota encaminhada à Repórter Brasil.


A construtora alega ainda que exige de seus fornecedores que declarem quando há alojamento para que suas condições sejam avaliadas por uma auditoria externa. “Trata-se de compromisso social. Infelizmente, numa cidade como São Paulo, grande e descentralizada, nem sempre é possível investigar se as declarações dos fornecedores são verdadeiras ou não. Especialmente quando o fornecedor omite a informação. É importante esclarecer que o citado alojamento ficava em Itaquera, enquanto a obra ocorre nas mediações da Avenida Paulista. Seja como for, manteremos nossa postura de sempre atuar para que tais vulnerabilidades sejam mitigadas. A Racional reavalia sistematicamente todos os seus processos para que eles sigam em melhoria continua”.


Jornada irregular

Os operários resgatados relataram ainda aos auditores fiscais que trabalharam em feriados e em madrugadas no canteiro de obras, sem receber qualquer adicional ou mesmo folgas por isso. O serviço aos domingos também era frequente. A fiscalização diz que a Racional não fez qualquer tipo de registro de jornada e anotação de repousos. A empresa alega que a responsabilidade de controle dos horários era da empreiteira.


No dia 19 de janeiro, os auditores decidiram interditar o local em que o grupo ficava hospedado. Representantes da Racional se negaram a receber o Termo de Embargo, segundo o MTE. Os trabalhadores foram levados no mesmo dia para um hotel.


Os procuradores Luiz Fabre e Natasha Rebello Cabral, da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região (PRT-2), receberam o relatório da fiscalização e informaram à reportagem que devem se reunir com a empresa em breve para propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para buscar indenização po dano moral coletivo e também para prevenir que a situação volte a ocorrer. Caso a empresa se recuse, será ajuizada uma ação civil pública.


Em tempo: A construtora Racional enviou uma nota à imprensa:

Nota à imprensa

Sobre as matérias veiculadas na imprensa a respeito da fiscalização conduzida pelo Ministério do Trabalho, a Racional Engenharia esclarece que:

A realização de uma obra conta com a participação de diversos fornecedores conforme a sua fase de execução.

A situação exposta pela Fiscalização do Trabalho fere as normas de conduta e ética praticadas pela Racional, que incluem a exigência de declaração de seus fornecedores sobre a existência de trabalhadores mantidos em alojamento para a realização de auditoria externa.

Era de total desconhecimento da Racional que o fornecedor mantinha trabalhadores na situação mencionada pela imprensa e pela fiscalização do Trabalho, pois a Genecy omitiu que mantinha alojamento. Infelizmente, numa cidade como São Paulo, grande e descentralizada, a omissão de existência de alojamento, tal como ocorreu no caso, não é facilmente identificada, sobretudo considerando que a fornecedora esteve na obra por pouco mais de um mês.

Informada pelo órgão competente em 11 de janeiro de 2012, a Racional cuidou para que fossem pagas todas as verbas trabalhistas, garantido o bem estar dos trabalhadores e o retorno dos mesmos às suas cidades de origem.

A Racional informa, ainda, que compareceu à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/SP), em 10 de fevereiro de 2012, e recebeu o relatório da fiscalização, documento que está sendo devidamente analisado. Independentemente, a Racional atua sistematicamente por meio de seus processos para que casos como o da Genecy não mais ocorram.

A Racional, reconhecida no mercado e com mais de 40 anos, participou de diversas obras de relevância no Brasil e reafirma seu compromisso com a sociedade.

(*) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico  como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.

Maioria do Supremo aprova Lei da Ficha Limpa

Maioria do Supremo aprova Lei da Ficha Limpa Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O julgamento ainda não acabou, mas os votos favoráveis dos ministros Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto deixam o placar em 6 a 2 a favor da validade da Lei da Ficha Limpa ainda nas eleições deste ano; restam apenas três votos

16 de Fevereiro de 2012 às 16:15
247 com Agência Brasil – Seis dos 11 membros do Supremo Tribunal Federal manifestaram seu apoio à validade da Lei da Ficha Limpa ainda nas eleições municipais deste ano. Na sessão desta quinta-feira (16), os ministros Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto se uniram a Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Cármen Lúcia, que já haviam defendido a validade da legislação.
Lewandowski apresentou um voto rápido. Para o ministro, a exigência de moralidade na vida pública deve se sobrepor ao direito individual de ser considerado inocente até palavra final da Justiça. “Nós estamos diante de uma ponderação de valores, temos dois valores de natureza constitucional de mesmo nivel”, disse o ministro. Para Lewandowski, ao criar a Lei da Ficha Limpa, o Congresso fez a opção legítima de aplicar o disposto constitucional que determina o zelo pela probidade administrativa e pela moralidade para exercício de mandato.
O ministro Celso de Mello discordou da interpretação de Lewandowski, já que o item que diz que ninguém é considerado culpado até decisão definitiva da Justiça é, para ele, uma das garantias fundamentais previstas na Constituição. “Pode o Congresso, sob ponderação de valores, submeter garantias individuais? Um direito fundamental é marginalizado”, disse o ministro, sem conseguir abalar a convicção do colega.
Lewandowski também não acatou a proposta do relator Fux de contar o período de inelegibilidade de oito anos a partir da primeira condenação em colegiado. A ideia é que o político não seja afastado da vida pública por muito tempo, já que, entre essa condenação e a palavra final da Justiça, pode se passar muito tempo. Apenas Cármen Lúcia acatou essa proposta até agora.

Ex-prefeito da cidade do Pinheirinho ocupa terras da União sem pagar taxas


Em São José dos Campos "gente diferenciada" é outra coisa. Enquanto os governos tucanos expulsam violentamente 1,7 mil famílias carentes de uma ocupação de terra de megaespeculador, o ex-prefeito Robson Marinho, também tucano, ocupa terras da União, sem se preocupar em pagar as devidas taxas. Leia a matéria completa

Orçamento da Educação em 2012 aumenta 33,8%. Mas a notícia é de corte.

No Blog da Helena 


Na semana, o noticiário econômico trouxe a notícia de cortes de R$ 55 bilhões no orçamento do governo federal para 2012. Para piorar a notícia, R$ 7,5 bilhões desse corte atinge a Saúde e Educação.

Será que estamos tendo um pesadelo?

Não. Em relação aos valores do ano passado, Saúde, Educação, PAC e Brasil sem Miséria estão tendo aumento real significativo (figura acima).

O que acontece é que, como o papel aceita tudo, a lei orçamentária para 2012 estava otimista demais, com previsão de receitas irreais e com aumentos das despesas acima da realidade. Então o corte foi apenas no exagero, e os investimentos em Saúde e Educação continuam aumentando ano a ano.

Depois do "corte", a educação continua tendo uma verba 33,8% maior do que teve no ano passado. A saúde ganhou aumento de 13% em relação ao ano passado.

Além disso, há muita coisa no orçamento que o corte é até obrigação. Vamos lembrar que a Fundação Roberto Marinho recebeu em anos anteriores R$ 17 milhões do Ministério do Turismo, e é investigada por rombo de até R$ 13,8 milhões.

O orçamento tem sido exagerado e sofrido cortes neste exagero todo ano. A notícia traz expectativas positivas no chamado mercado, e a taxa de juros cai, o que é o objetivo final do governo.

O governo Dilma, assim como Lula, tem administrado a macro-economia tendo como meta gerar empregos e melhores salários, erradicar a pobreza, e recuperar a capacidade de investimento. Para isso tem usado os instrumentos que dispõe: garantir crescimento econômico com distribuição de renda, controle da inflação, redução de juros reais através da redução da dívida em relação ao PIB, o que reduz o custo da dívida e libera recursos para investir.

Já virou rotina, e vem desde o governo Lula. Todo início de ano essas notícias provocam mau humor, principalmente pelo enfoque dado. Todo fim de ano, quando passa a régua e fecha a conta, os números mostram que a estratégia tem dado bons resultados, com redução da pobreza, aumento dos investimentos, dos gastos sociais, diminuição dos juros e inflação domada.

Com informações do Ministério da Fazenda (arquivo em PDF)

Manual de operações contra macacos: como agem as empresas de Durán Barba para enganar os eleitores


Manual de operações contra macacos: como agem as empresas de Durán Barba

Consultor político em todo o continente e assessor especial de Mauricio Macri está envolvido em uma investigação na Argentina sobre a prática de operações ilegais em período eleitoral. Em seu livro "A arte de ganhar. Como usar o ataque em campanhas eleitorais exitosas", Barba recomenda que se invoque os sentimentos por meio de ataques e não a razão nas campanhas, pois "os humanos são macacos com pretensões cartesianas". O artigo é de Martín Granovsky.

Buenos Aires - Em política, “operação” é uma palavra que não vem da teoria, mas da medicina. Mas os autores de operações costumam dissimular que as fazem, porque as manipulações, a distorção ou a espionagem não são, se supõe, as ferramentas mais apresentáveis. Tudo isso, claro, até que chegou à Argentina a equipe do consultor Jaime Durán Barba e ofereceu seus serviços inteligentes. Um documento do grupo Durán Barba, ao qual tivemos acesso, oferece diretamente o seguinte: “Podemos realizar trabalhos de forma cirúrgica com os possíveis eleitores”.

Outra novela do mensalão vem aí

Gilson Caroni Filho: no Viomundo

Mensalão: o anúncio do grotesco midiático
por Gilson Caroni Filho
A manchete do jornal O Globo, em sua edição de 15 de fevereiro de 2012 ( ” Marcos Valério é o primeiro condenado do Mensalão”), não deixa dúvidas quanto ao espetáculo que dominará páginas e telas depois do carnaval: à medida em que se aproxima o julgamento do processo que a imprensa chama de “escândalo da mensalão”,  velhos expedientes são reeditados sem qualquer cerimônia que busque manter a aparência de jornalismo sério. A condenação do publicitário por crimes de sonegação fiscal e falsificação de documentos públicos seria, mesmo que não surjam provas de conduta delituosa por parte dos réus, a senha para o STF homologar a narrativa midiática e não ficar maculado pela imagem de “pizza” que uma absolvição inevitavelmente traria à mais alta corte do país.
Como destaca Pedro Estevam Serrano, em sua coluna para a revista CartaCapital,”o que verificamos é a ocorrência constante de matérias jornalísticas em alguns veículos que procuram nitidamente criar um ambiente de opinião pública contrária aos réus, apelando a matérias mais dotadas da verossimilhança dos romances que à verdade que deveria ser o mote dos relatos jornalísticos”. Os riscos aos pilares básicos do Estado Democrático de Direito são nítidos na empreitada. Serrano alerta para o objetivo último das corporações:
“E tal comportamento tem intenção política evidente, qual seja procurar criminalizar o PT e o governo Lula, pois ao distanciar o julgamento de sua concretude por relatos abstratos e simbólicos o que se procura pôr no banco dos réus não são apenas as condutas pessoais em pauta mas sim todo um segmento político e ideológico.”

A unificação editorial em favor da manutenção dos direitos do CNJ em votação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) não revela apenas preocupação com o indispensável controle externo do poder judiciário, mas o constrangimento necessário de juízes às vésperas de um julgamento que envolve, a construção política mais cara à mídia corporativa. No lugar do contraditório, a  imposição de uma agenda. Ocupando o espaço da correta publicidade dos fatos, a recorrente tentativa de manipulação da opinião pública. A trama, no entanto, deve ser olhada pelo que traz de pedagógico,  explicitando papéis e funções no campo jornalístico.
O pensamento único, para o ser, não basta ser hegemônico; tem que ser excludente. Não apenas de outros pensamentos, mas do próprio pensar. Parafraseando Aldous Huxley, “se o indivíduo pensa, a estrutura de poder fica tensa”. Na verdade, na sociedade administrada não pode haver indivíduo. Apenas a massa disforme, cujo universo cognitivo e intelectivo é, de alto a baixo, subministrado pelos detentores do poder social. É nessa crença que se movem articulistas, editores e seus patrões.
Em um sistema de dominação é essa, e nenhuma outra, a função da “mídia”: induzir o espírito de manada, o não-pensar, o abrir mão da razão e aderir entusiasticamente à insensatez programada pelos que puxam os cordões. Os fracassos recentes não nos permitem desdenhar do capital simbólico que as corporações ainda detêm para defender os seus interesses e o das frações de classe a ela associadas.
Nesse processo, o principal indutor é o “Sistema Globo”, que o falecido Paulo Francis, antes de capitular, apropriadamente crismou como “Metástase”, pois de fato suas toxinas se espalham por todo o tecido social. Seus carros-chefe, que frequentemente se realimentam reciprocamente, são o jornal da classe média conservadora  e, principalmente, o Jornal Nacional, meticulosamente pautado “de [William] Bonner para Homer [Simpson]“  que, de segunda a sábado, despeja ideologia mal travestida de notícia sobre dezenas de milhões de incautos
E o que “deu” no Jornal Nacional “pauta” desde as editorias dos jornais impresso –  O Globo por cima e o Extra por baixo — e das revistas, “da casa” ou de uma “concorrência” cujo único objetivo é ser ainda mais sensacionalista e leviana. Algumas vezes, o movimento segue o sentido inverso: uma publicação semanal produz a ficção que só repercute graças à reprodução da corporação.
Os outros instrumentos de espetaculosidade complementam o processo, impondo suas versões de pseudo-realidade: o Fantástico, ersatz dominical do JN; as novelas “campeãs de audiência”, com seus “conflitos” descarnados e suas “causas sociais” oportunisticamente selecionadas como desconversa; e, culminando, o Big Brother Brasil, a celebração máxima da total vacuidade.
Processo análogo vem sendo usado, há mais de duas décadas, para esvaziar e despolitizar a política, reduzindo-a às futricas de bastidores, ao “em off” e aos “papos de cafezinho”; e, em época eleitoral, à corrida de cavalões das pesquisas de intenção de voto que ocupam as manchetes, o noticiário, as colunas – ah, as colunas! – e até mesmo a discussão supostamente acadêmica. A não menos velha desconversa nacional: olha todo mundo pra cá, e pela minha lente, para que ninguém olhe pra lá.
Falar-se em “opinião pública”, nesse cenário, é um escárnio. “Opinião” pressupõe um espaço interno, em cada indivíduo, para reflexão, ponderação, crítica e elaboração, não controlado pelo poder social. “Pública” requer que exista uma esfera pública, de discurso racional entre iguais, aberto ao contraditório e não subordinado aos ditames do “mercado” ou subministrado de fio a pavio pelo braço “midiático” do mesmo poder. Nem uma nem outra condição pode existir em ambiente que tenta subjugar “corações e mentes”, induzindo-o sistemática e deliberadamente à loucura social.
Avançamos bastante, mas não nos iludamos: o que vem por aí é uma luta renhida. De um lado, o espetáculo autoritário. E, de outro, a cidadania e o Estado de Direito como permanente construção.
PS do Viomundo: Vimos de dentro o processo de dar pernas às capas da Veja. Elas pulavam direto para o Jornal Nacional de sábado e ganhavam a imprensa escrita na semana seguinte. A primeira novela do mensalão ocupou toda a campanha de reeleição de Lula, em 2006. Em nome da equidade, a Globo dava 50 segundos para cada candidato. Tinha dia em que três candidatos atacavam o governo (150 segundos), contra 50 segundos de Lula.
Foi nesse período que o então editor de economia do Jornal Nacional em São Paulo, Marco Aurélio Mello, recebeu a ordem para “tirar o pé” da cobertura econômica (o crescimento da venda de cimento, no cálculo da Globo, era notícia positiva para Lula). Além disso, poderia atrapalhar a paginação do JN, que vinha carregada de matérias investigativas contra o governo.
Quando a pressão interna conseguiu emplacar uma única pauta sobre o escândalo das ambulâncias, que poderia atingir indiretamente o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, ela foi feita, editada, mas nunca entrou no ar! O problema é que o escândalo das ambulâncias superfaturadas estava na conta do PT, apesar de Lula ter “herdado” o esquema do “governo anterior” (eufemismo da Globo quando era inconveniente falar em governo FHC ou governo do PSDB). A matéria arquivada tinha um único dado comprometedor: 70% das ambulâncias superfaturadas tinham sido entregues na gestão de José Serra como ministro da Saúde — e do sucessor que ele deixou na vaga quando concorreu ao Planalto, em 2002. Isso, sim, era de estragar a paginação do JN. Descrevi isso melhor no post O que eu pretendia dizer na TV sobre as ambulâncias de Serra.
Leia também:

Folha embalou em manchete bebê de sete meses

No Blog Viomundo

Se a conversa imaginária entre os repórteres investigativos Amaury Ribeiro Jr. e Tony Chastinet — que descobriram a manchete da Folha sete meses atrás — tivesse de fato acontecido, teria sido assim:
Amaury: A Folha pariu um bebê impressionante!
Tony: A criança nasceu falando e quase anda!
Amaury: Nasceu em junho do ano passado, de pai e mãe distintos…
Tony: Mas a Folha adotou a criança!
Amaury: O gozado é que foi na véspera de Ricardo Teixeira se desligar da CBF.
Tony: Ah, já entendi. A Folha queria dar a impressão de que tinha causado a demissão de Teixeira.
Amaury: Ninguém vai perceber. Só alguns milhões de telespectadores.

PS do Viomundo: A reportagem do vídeo acima foi ao ar em junho de 2011, no Jornal da Record. A “descoberta” da Folha foi em 15 de fevereiro de 2012. Nenhuma surpresa, considerando que uma revista brasileira fez um perfil de Ricardo Teixeira de 8.998.765 toques — o melhor perfil escrito sobre o cartola, diga-se — sem mencionar uma única vez a palavra Sanud. A Sanud, ou Dunas ao contrário, como diria Juca Kfoury — este, sim, desde sempre denunciante dos negócios enrolados do cartola — até hoje é sócia da empresa RLJ Participações Ltda., a holding de Teixeira no Rio de Janeiro, de acordo com documentos que Amaury Ribeiro Jr levantou na Junta Comercial.
Os repórteres Andrew Jennings e Jean-François Tanda, o primeiro britânico e o segundo suiço, aguardam para breve a divulgação do calhamaço de documentos que, segundo eles, vai provar definitivamente o caminho da propina: da ISL, que tinha contratos de marketing com a FIFA, para a Sanud em Liechtenstein e várias outras empresas de cartolas. O curioso é que, depois das CPIs no Congresso, Teixeira deitou e rolou quase dez anos, sem que ninguém levantasse os documentos públicos que Amaury obteve em duas semanas no Rio de Janeiro. Diz muito sobre nosso jornalismo investigativo.
Veja também:

Uma série de reportagens sobre Teixeira

Economist: Os negócios do Senhor Futebol
A bomba que vai estourar no colo de Teixeira (na qual divulgamos, em dezembro de 2011, alguns dos documentos levantados pelo Amaury)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Novo marco da mídia vai a consulta pública nos próximos dias


Da Carta Maior - 14/2/2012

Paulo Bernardo (Comunicações) prepara-se para pedir aval à presidenta Dilma Rousseff para fechar data e iniciar consulta. Segundo ele, objetivo é adequar Código Brasileiro de Telecomunicações, que em agosto completa 50 anos, à Constituição de 1988. Em seminário, ministro diz que é contra controle de conteúdo e a favor de limitar capital estrangeiro na internet.

Najla Passos

Brasília – A proposta de um novo marco regulatório para emissoras de rádio e TV, engavetada no ministério das Comunicações desde o início do governo Dilma, vai entrar em consulta pública nos próximos dias, informou nesta-terça (14) o ministro Paulo Bernardo. E já promete pelo menos duas grandes polêmicas. Criar ou não mecanismos de controle público do conteúdo das emissoras. E limitar ou não da presença de capital estrangeiro em portais de internet de conteúdo jornalístico.

Na abertura de um seminário sobre políticas de telecomunicações nesta terça-feira (14), Bernardo se alinhou, no caso da regulação de conteúdo, com o que pensam as empresas de radiodifusão, para as quais a única forma de controle deve ser o controle remoto. Para movimentos pela democratização da mídia, deveria haver critérios mais rígidos para a garantia da qualidade.

“A nossa Constituição não prevê o controle prévio de conteúdo, a não ser em casos bem específicos, como na proibição de propaganda de cigarros, bebidas alcoólicas e agrotóxicos, como já é feito hoje”, afirmou.

O ministro reconheceu que o setor de radiodifusão é capaz de fazer pressão suficiente para intimidar o governo, como tem ocorrido historicamente. “O setor tem um peso muito grande no Brasil, não só economicamente, já que movimenta R$ 20 bilhões, mas porque seus serviços são extremamente populares entre a população”.

Entretanto, Paulo Bernardo disse que o governo não vai se deixar acuar pela alegação de que regulamentar a mídia é tolher a liberdade de expressão. “Essa discussão de limitação da liberdade de expressão está fora. O que vamos fazer é readequar a legislação do setor, que é de 1962, dentro dos aspectos que estão na Constituição”, explicou.

Em relação à participação de capital estrangeiro em sites jornalísticos, o ministro também defendeu posição que agrada grandes veículos de comunicação, em oposição às gigantes multinacionais das telecomunicações. Para Paulo Bernardo, se a limitação de 30% serve para TVs, rádios, jornais e revistas, deve pautar também os veículos da internet.

“Nós teremos que discutir se um jornal eletrônico é veículo de comunicação. Eu acho que é. O governo ainda não tem posição, ainda não discutimos isso. Mas se ficar definido que é, vamos ter que fazer cumprir a lei”, explicou. Segundo ele, a Advocacia Geral da União (AGU) já foi acionada para emitir parecer sobre o assunto, que também será debatido em outras esferas do governo.

Para o ministro, a discussão será jurídica, mas também técnica. “Precisamos saber também se esse reconhecimento teria efetividade, já que as empresas de conteúdo internacionais, a princípio, podem simplesmente alojar seus sites em outros países”, acrescentou.

A limitação da presença de capital estrangeiro nos sites de conteúdo jornalístico interessa as grandes empresas jornalísticas, que já sofrem a restrição nos veículos impressos, de rádio e TV, mas é vista com maus olhos pelas multinacionais das telecomunicações, que exploram serviços de telefonia e internet no Brasil e querem continuar como acionistas principais dos veículos que operam.

Paulo Bernardo confirmou que o projeto de novo marco toma como base a proposta herdada do governo Lula, de autoria do ex-ministro da Comunicação Social da Presidência Franklin Martins. “Nós trabalhamos no projeto e conseguimos avançar em alguns pontos. Agora, estamos realizando conversas internas no governo para finalizá-lo”, acrescentou.

Segundo ele, já estão agendadas conversas com outros órgãos do governo, como Casa Civil e Ministério da Cultura. Depois, o projeto será debatido com a presidenta Dilma, que irá bater o martelo sobre prazo e formato para disponibilizar a consulta pública. Só depois as conversas envolverão o Congresso Nacional e, por fim, a sociedade civil organizada.

Estadão abortou a verdade

No Blog do Saraiva
Estadão ignora fatos e palavras da ministra e diz que apenas repercutiu blog ("insuspeito"?) da Veja, mas não soube repercutir a privataria tucana da Carta Capital
O brilho do obscurantismo
Fora do contexto

Há quem conteste a capacidade da imprensa tradicional para criar e administrar a agenda de assuntos públicos no Brasil.

Mesmo com o avanço das mídias eletrônicas e das redes sociais na internet, não há como negar que ainda é nos jornais e – com menos influência – nas revistas, que a sociedade vai buscar os temas com os quais costuma lidar no dia a dia.

No entanto, pode-se afirmar que, com a consolidação dos meios digitais, o aumento da disponibilidade de informações e recursos de interatividade nos aparelhos móveis, a tendência é de maior protagonismo dos chamados leitores e mais interferência na “matriz” de informações representada pelas publicações de papel.

Por esse motivo, seria de se esperar que, estrategicamente, a imprensa estivesse buscando se antecipar a essas mudanças, com a pesquisa de temas afinados com as preocupações e necessidades da sociedade contemporânea.

Mas os editores parecem incapazes de resistir aos chamamentos do obscurantismo.

Sempre que se apresenta diante deles a possibilidade de colocar em debate um tema atual, abrindo o leque de alternativas segundo os valores do tempo que vivemos, não perde quem apostar que os jornais, de modo geral, vão escolher o viés mais retrógrado e reacionário.

Reacionário, aqui, quer significar aquele que se contrapõe à evolução social.

O direito das mulheres a disporem de sua sexualidade é uma das conquistas mais importantes da modernidade, e sua negação é parte central nas controvérsias que produzem, ainda hoje, alguns dos mais graves conflitos decorrentes da globalização.

Nenhum jornalista ignora, ou deveria ignorar, a importância de se consolidarem certos avanços da consciência social que apontam para a igualdade de gêneros e a autossuficiência da mulher.

Por esse motivo, descarte-se desde já a hipótese da ignorância no caso da reportagem publicada pelo Estado de S. Paulo nesta terça-feira, dia 14, sobre um depoimento dado pela nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a uma professora da Universidade Federal de Santa Catarina, no ano de 2004.

O jornal paulista considera tão relevante essa história que produziu uma chamada na sua primeira página para contá-la.

Fora do contexto
Nessa entrevista, cujo teor é parcialmente negado pela ministra, ela teria dito que fez um “treinamento de aborto” na Colômbia em 1995.

Ouvida pelo jornal, ela afirma, por exemplo, que nunca esteve na Colômbia.

No trecho reproduzido pelo Estadão, ela aparece relatando um curso de autoexame do colo do útero que incluiria a capacitação de mulheres para “lidar com o aborto”.

O jornal revela também que Eleonora Menicucci já se havia submetido a dois abortos praticados por médicos no início dos anos 1970.

No trecho retirado de contexto, ficam mal explicadas as circunstâncias em que esses episódios aconteceram: ela tinha pouco mais de vinte anos de idade, vivia na clandestinidade ou estava presa, sendo submetida a torturas.

Pode-se escolher uma variedade de abordagens para se demonstrar que a reportagem obscurantista foi feita de má-fé e com propósitos políticos.

O jornal afirma, por exemplo, que a entrevista (trazida a público por um blog da revista Veja) “deve alimentar as pressões de integrantes da bancada evangélica no Congresso pela demissão da ministra”.

O mais correto seria afirmar que “o Estadão dá repercussão a uma entrevista descontextualizada, feita no âmbito de um estudo acadêmico, com o propósito de provocar desconforto no governo”.

Também se poderia acrescentar que o jornalão paulista tem olhos para as manifestações obscurantistas da revista Veja, que há muito abdicou do jornalismo de qualidade, mas não conseguiu ler uma reportagem da Carta Capital (ver http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/reportagem_revela_uma_historia_escabrosa) sobre o favorecimento do especulador Naji Nahas na desocupação do lugar conhecido como Pinheirinho, em São José dos Campos.

A imprensa livre, um dos grandes patrimônios da modernidade, tem como pressuposto anunciar o novo, e com isso se supõe que deva se colocar na vanguarda do processo de superação de preconceitos.

Ao alimentar propositalmente os argumentos do que há de mais retrógrado no Congresso Nacional, a reportagem do Estadão não apenas faz um tributo ao medievalismo na política, mas comete um desrespeito à luta das mulheres por sua emancipação.

Pior: o jornal parece se orgulhar de seu obscurantismo.
Luciano Martins Costa / Observatório da Imprensa 

Manual de redação: 10 regras da “grande imprensa” ao abordar movimentos sociais

Manual de redação: 10 regras da “grande imprensa” ao abordar movimentos sociais

Adital em 24/3/2009, nunca esteve tão atual. Lido no Quarto Poder.
Convenções básicas: quem não cumprir está sujeito à demissão.
1ª) Toda ocupação de terra deve ser chamada de invasão
Em vez de usar o termo adotado pelos movimentos sociais, “ocupação” – manifestação de pressão para o cumprimento da Constituição pelo Estado e denúncia da existência de latifúndios –, é mais eficiente para o objetivo de defesa do princípio da propriedade privada a utilização da palavra “invasão” – tomar para si pela força algo que não lhe pertence.
Dessa maneira, implicitamente, estamos dizendo que discordamos dessa prática e a consideramos ilegal, e conseguimos gerar a sensação de pânico generalizado em todos os donos de propriedade, sejam elas rurais e produtivas, ou até mesmo propriedades urbanas.
 

Racistas controlam Veja

 



Quinta-feira 14 de setembro de 2006 ... recuperando Do Blog do Saraiva 
Grupo Nasper, que comprou 30% da revista, foi esteio do regime do apartheid na África do Sul e prosperou com a segregação racial. Altamiro Borges comenta artigo de Renato Pompeu, em Caros Amigos.
Na sua penúltima edição, a revista Veja estampou na capa a foto de uma mulher negra, título de eleitor na mão e a manchete espalhafatosa: “Ela pode decidir a eleição”. A chamada de capa ainda trazia a maldosa descrição: “Nordestina, 27 anos, educação média, R$ 450 por mês, Gilmara Cerqueira retrata o eleitor que será o fiel da balança em outubro”.
O intuito evidente da capa e da reportagem interna era o de estimular o preconceito de classe contra o presidente Lula, franco favorito nas pesquisas eleitorais entre a população mais carente. A edição não destoava de tantas outras, nas quais esta publicação da Editora Abril assume abertamente o papel de palanque da oposição de direita e destila veneno de nítido conteúdo fascistóide.
Agora, o escritor Renato Pompeu dá novos elementos que apimentam a discussão sobre a linha editorial racista desta revista. No artigo “A Abril e o apartheid”, publicado na revista Caros Amigos que está nas bancas, ele informa que “o grupo de mídia sul-africano Naspers adquiriu 30% do capital acionário da Editora Abril, que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país. Para tanto, pagou 422 milhões de dólares. A notícia é de maio e foi publicada nos principais órgãos da mídia grande do Brasil. Mas não foi dada a devida atenção ao fato de a Naspers ter sido um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e ter prosperado com a segregação racial”.
Líderes da segregação racial
A Naspers tem sua origem em 1915, quando surgiu com o nome de Nasionale Pers, um grupo nacionalista africâner (a denominação dos sul-africanos de origem holandesa, também conhecidos como bôeres, que foram derrotados pela Grã-Bretanha na guerra que terminou em 1902). Este agrupamento lançou o jornal diário Die Burger, que até hoje é líder de mercado no país. Durante décadas, o grupo, que passou a editar revistas e livros, esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a organização partidária das elites africâneres que legalizou o detestável e criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial.
Como relata Renato Pompeu, “dos quadros da Naspers saíram os três primeiros-ministros do apartheid”. O primeiro diretor do Die Burger foi D.F. Malan, que comandou o governo da África do Sul de 1948 a 1954 e lançou as bases legais da segregação racial. Já os líderes do Partido Nacional H.F. Verwoerd e P.W. Botha participaram do Conselho de Administração da Naspers. Verwoerd, que quando estudante na Alemanha teve ligações com os nazistas, consolidou o regime do apartheid, a que deu feição definitiva em seu governo, iniciado em 1958. Durante a sua gestão ocorreram o massacre de Sharpeville, a proibição do Congresso Nacional Africano (que hoje governa o país) e a prolongada condenação de Nelson Mandela.
Já P. Botha sustentou o apartheid como primeiro-ministro, de 1978 a 1984, e depois como presidente, até 1989. “Ele argumentava, junto ao governo dos Estados Unidos, que o apartheid era necessário para conter o comunismo em Angola e Moçambique, países vizinhos. Reforçou militarmente a África do Sul e pediu a colaboração de Israel para desenvolver a bomba atômica. Ordenou a intervenção de forças especiais sul-africanas na Namíbia e em Angola”. Durante seu longo governo, a resistência negra na África do Sul, que cresceu, adquiriu maior radicalidade e conquistou a solidariedade internacional, foi cruelmente reprimida - como tão bem retrata o filme “Um grito de liberdade”, do diretor inglês Richard Attenborough (1987).
Os tentáculos do apartheid
Renato Pompeu não perdoa a papel nefasto da Naspers. “Com a ajuda dos governos do apartheid, dos quais suas publicações foram porta-vozes oficiosos, ela evoluiu para se tornar o maior conglomerado da mídia imprensa e eletrônica da África, onde atua em dezenas de países, tendo estendido também as suas atividades para nações como Hungria, Grécia, Índia, China e, agora, para o Brasil. Em setembro de 1997, um total de 127 jornalistas da Naspers pediu desculpas em público pela sua atuação durante o apartheid, em documento dirigido à Comissão da Verdade e da Reconciliação, encabeçada pelo arcebispo Desmond Tutu. Mas se tratava de empregados, embora alguns tivessem cargos de direção de jornais e revistas. A própria Naspers, entretanto, jamais pediu perdão por suas ligações com o apartheid”.
Segundo documentos divulgados pela própria Naspers, em 31 de dezembro de 2005, a Editora Abril tinha uma dívida liquida de aproximadamente US$ 500 milhões, com a família Civita detendo 86,2% das ações e o grupo estadunidense Capital International, 13,8%. A Naspers adquiriu em maio último todas as ações da empresa ianque, por US$ 177 milhões, mais US$ 86 milhões em ações da família Civita e outros US$ 159 milhões em papéis lançados pela Abril. “Com isso, a Naspers ficou com 30% do capital. O dinheiro injetado, segundo ela, serviria para pagar a maior parte das dividas da editora”. Isto comprova que o poder deste conglomerado, que cresceu com a segregação racial, é hoje enorme e assustador na mídia brasileira.
Os interesses alienígenas
Mas as relações alienígenas da revista Veja não são recentes nem se dão apenas com os racistas da África do Sul. Até recentemente, ela sofria forte influência na sua linha editorial das corporações dos EUA. A Capital International, terceiro maior grupo gestor de fundos de investimentos desta potência imperialista, tinha dois prepostos no Conselho de Administração do Grupo Abril - Willian Parker e Guilherme Lins. Em julho de 2004, esta agência de especulação financeira havia adquirido 13,8% das ações da Abril, numa operação viabilizada por uma emenda constitucional sancionada por FHC em 2002.
A Editora Abril também têm vínculos com a Cisneros Group, holding controlada por Gustavo Cisneros, um dos principais mentores do frustrado golpe midiático contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. O inimigo declarado do líder venezuelano é proprietário de um império que congrega 75 empresas no setor da mídia, espalhadas pela América do Sul, EUA, Canadá, Espanha e Portugal. Segundo Gustavo Barreto, pesquisador da UFRJ, as primeiras parcerias da Abril com Cisneros datam de 1995 em torno das transmissões via satélites. O grupo também é sócio da DirecTV, que já teve presença acionária da Abril. Desde 2000, os dois grupos se tornaram sócios na empresa resultante da fusão entre AOL e Time Warner.
Ainda segundo Gustavo Barreto, “a Editora Abril possui relações com instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP Morgan - a mesma que calcula o chamado ‘risco-país’, índice que designa o risco que os investidores correm quando investem no Brasil. Em outras palavras, ela expressa a percepção do investidor estrangeiro sobre a capacidade deste país ‘honrar’ os seus compromissos. Estas e outras instituições financeiras de peso são os debenturistas - detentores das debêntures (títulos da dívida) - da Editora Abril e de seu principal produto jornalístico. Em suma, responsáveis pela reestruturação da editora que publica a revista com linha editorial fortemente pró-mercado e anti-movimentos sociais”.
Um ninho de tucanos
Além de ser controlada por grupos estrangeiros, a Veja mantém relações estreitas com o PSDB, que é o núcleo orgânico do capital rentista, e com o PFL, que representa a velha oligarquia conservadora. Emílio Carazzai, por exemplo, que hoje exerce a função de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril, foi presidente da Caixa Econômica Federal no governo FHC. Outra tucana influente na família Civita, dona do Grupo Abril, é Claudia Costin, ministra de FHC responsável pela demissão de servidores públicos, ex-secretária de Cultura no governo de Geraldo Alckmin e atual vice-presidente da Fundação Victor Civita.
Não é para menos que a Editora Abril sempre privilegiou os políticos tucanos. Afora os possíveis apoios “não contabilizados”, que só uma rigorosa auditoria da Justiça Eleitoral poderia provar, nas eleições de 2002, ela doou R$ 50,7 mil a dois candidatos do PSDB. O deputado federal Alberto Goldman, hoje um vestal da ética, recebeu R$ 34,9 mil da influente família; já o deputado Aloysio Nunes, ex-ministro de FHC, foi agraciado com R$ 15,8 mil. Ela também depositou R$ 303 mil na conta da DNA Propaganda, a famosa empresa de Marcos Valério que inaugurou um ilícito esquema de financiamento eleitoral para Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB.
Estes e outros “segredinhos” da Editora Abril ajudam a entender a linha editorial racista da revista Veja e a sua postura de opositora radical do governo Lula.
Altamiro Borges é jornalista