A polícia fez nesta quinta-feira (14) uma  operação de busca e apreensão na casa e nos escritórios de Hussain Aref Saab,  que foi, por sete anos, o responsável da Prefeitura de São Paulo pela aprovação  de empreendimentos imobiliários. Ele é acusado de receber propina para liberar  imóveis irregulares na cidade, segundo revelou a Folha.
Na busca na residência e na empresa SB4  patrimonial, foram apreendidos arquivos digitais e um cofre, mas o conteúdo  deles ainda não foi revelado. Para o advogado de Aref Saab, Augusto de Arruda  Botelho, trata-se de ”uma busca midiática e despropositada", pois seu cliente  está à disposição para depoimentos e entrega de qualquer documento.
Além da BGE, empresa do grupo Brookfield,  outras empresas também estão sendo investigadas por pagamento de propina para  liberação de imóveis, disse nesta quinta-feira (14) o promotor Sylvio Antonio  Marques. Segundo ele, seis testemuhas, incluindo ex-funcionários da Brookfield,  denunciaram o esquema ao Ministério Público nos últimos 15 dias. O promotor, no  entanto, não quis revelar o nome das testemunhas nem o nome das empresas  supostamente envolvidas no esquema.
O esquema começou a ser descoberto a partir de  denúncias da Folha de S.Paulo no início de maio. O jornal  revelou, no início de maio, que Hussain Aref Saab adquiriu mais de 106 imóveis  nos poucos mais de sete anos em que esteve no cargo, durante as gestões de  Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB), e, desde então, Saab vem sendo alvo  de denúncias.
Saab foi afastado no mês passado, após abertura  de investigação da Corregedoria Geral do Município.
A mais recente, revelada nesta quinta pela  Folha, foi feita pela ex-diretora financeira da BGE, empresa do  grupo Brookfield, Daniela Gonzalez. Ela diz que a multinacional pagou, entre  2008 e 2010, R$ 1,6 milhão em propinas a Aref e ao vereador Aurélio Miguel (PR)  para liberar obras irregulares nos shoppings Higienópolis e Paulista, em São  Paulo.
Segundo Daniela, Aref recebeu suborno dos dois  shoppings em vários momentos. Em um deles, no valor de R$ 133 mil, teria  facilitado a liberação de obra no Higienópolis, apesar de o local não cumprir  exigências legais.
Já Aurélio Miguel, segundo ela, intermediou na  CET, onde tem influência política, as obras de ampliação do Pátio Paulista,  mesmo sem o empreendimento ter cumprido exigências do órgão.
Aurélio Miguel e Aref negam as acusações. A  Brookfield, em nota, diz que não compactua com atos ilícitos.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD),  afirmou na manhã desta quinta-feira que pediu que o secretário dos Transportes,  Marcelo Cardinale Branco, apure a denúncia.
Mais cobranças de  propina
Em entrevista coletiva na tarde desta  quinta-feira (14), integrantes do Ministério Público informaram que pelo menos  seis novas testemunhas procuraram o órgão nos últimos 15 dias para denunciar a  cobrança de propina para liberação de imóveis pelo departamento coordenado por  Hussain Aref Saab na Prefeitura de São Paulo.
Entenda o caso
Além da denúncia de compra de mais de 100 imóveis, o que seria incompatível com sua renda, pesam ainda outras suspeitas sobre Hussain Aref Saab.
Com renda mensal declarada de R$ 20 mil, entre  rendimentos de aluguéis e salário bruto na prefeitura de R$ 9.400 (incluindo uma  aposentadoria), Hussain Aref Saab, 67, acumulou, de 2005 até este ano,  patrimônio superior a R$ 50 milhões. São pelo menos 118 imóveis incluindo 24  vagas de garagem extras.
Outra suspeita é que Saab subfaturasse os  imóveis. A Folha de S.Paulo revelou em maio que o então diretor  comprou, em 2008, por R$ 242 mil, um apartamento que três anos antes havia sido  comprado por R$ 1,2 milhão. O imóvel comprado por R$ 242 mil era do empresário  David Carlos Antonio, que na época tinha um processo de anistia encalhado na  prefeitura havia cinco anos. Quatro meses depois da negociação, o processo,  parado desde 2003, passou a tramitar e, um ano depois, o alvará foi concedido  pelo departamento chefiado por Aref.
Outra denúncia dá conta de que o ex-diretor  também comprou imóveis subfaturados para ele e para seus filhos no governo Marta  Suplicy (PT). Pelo menos três apartamentos foram comprados pela família abaixo  do valor de mercado entre 2003 e 2004, período no qual Aref era diretor na  Secretaria de Planejamento da gestão petista.
Em maio, também surgiram denúncias de que Saab  pediria propina. O empresário Oscar Maroni, dono do Bahamas, disse que o  ex-diretor pediu R$ 170 mil de propina para regularizar um hotel em  Moema.Folha







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