sexta-feira, 13 de julho de 2012

Prêmio a FHC é para ex-esquerdistas

blicado em 13/07/2012
Dos escombros desse desastre de proporções ferroviárias irrompe falação do tucano em defesa das ‘reformas’.


O Conversa Afiada reproduz artigo da Carta Maior:

FHC ouviu o galo cantar; achou que era um tucano


Fernando Henrique Cardoso recebeu um prêmio da Biblioteca do Congresso dos EUA, cuja primeira edição agraciou a tradição dos intelectuais arrependidos da esquerda. O polonês Leszek Kolakowski inaugurou a fila do ‘Pluge’ em 2003 depois de concluir uma baldeação do marxismo ortodoxo à rejeição radical da obra de Marx, classificada por ele como a ‘maior ilusão do século XX”. No caso de FHC, o prêmio de U$ 1 milhão brindou os desdobramentos políticos de suas reflexões sobre a dependência. No entender dos curadores, elas teriam demonstrado como os países periféricos ‘podem fazer escolhas inteligentes e estratégicas’ (leia-se dentro dos marcos dos livres mercados) mesmo estando em desvantagens em relação às nações industrializadas”.

O tucano não decepcionou. Na entrevista após embolsar o galardão falou grosso. E acusou Lula de ser responsável pelas agruras atuais da indústria nativa (perda de competitividade e de peso no PIB), ao interromper as reformas liberalizantes. Isso mesmo, aquelas das quais seu governo foi um instrumento e cuja correspondência no plano internacional, como se verifica, legou-nos um mundo de fastígio e virtudes sociais. O diagnóstico do sociólogo, como se sabe, vem ancorado em atilada visão macroeconômica.

Graças a ela, o Brasil frequentou o guichê do FMI por três vezes em seus oito anos de mandato.Mais recentemente, em 29 de setembro de 2011, quando o governo Dilma reduziu a Selic pela primeira vez e começou a armar o país contra a segunda avalanche da crise vinda da Europa, FH advertiu no jornal Valor: “A decisão (de cortar os juros) se mostra precipitada diante das previsões de queda do crescimento e mais inflação”.

A fina sintonia com o lobby dos bancos, jornalistas e rentistas –que anunciavam o dilúvio após a queda da Selic, de estratosféricos 12,5% para 12%, contra zero nos EUA-, não se confirmou. As previsões do ‘mercado’ de uma inflação em alta (6,52% então), esfarelaram-se ante o peso descomunal do agravamento do quadro externo. Nesta 4ª feira, depois de um novo corte de 0,5 ponto na Selic, que atingiu um recorde de baixa de 8%, contra um pico histórico de 44,5% em março de 1999, no segundo mandato do sociólogo, ninguém mais se lembrava das doutas advertências feitas por ele em 2011.

O mundo literalmente despenca sob o peso descomunal de uma quase depressão, que avança pelo quinto ano sem perspectivas de solução nos marcos do capitalismo desregrado (leia o texto obrigatório de François Chesnais nesta pág).Os capitais em fuga para a segurança inundam os cofres do Banco Central Europeu e do Tesouro americano, mas também do alemão, que pagam uma taxa de juro inferior à inflação. Ou seja, os ricos preferem pagar para guardar o dinheiro em títulos públicos confiáveis do que investir na produção. O nome disso é colapso sistêmico.

Mais de 17,5 milhões de empregos foram dizimados na Europa; Espanha, Grécia, Portugal, Irlanda caíram sob intervenção da banca para salvar ela própria; Obama chapinha num lodaçal de liquidez que não consegue reerguer a maior economia da terra; a China já sente a retração do comércio mundial que irradia efeitos contracionistas também no Brasil e demais fronteiras da América Latina.

Dos escombros desse desastre de proporções ferroviárias irrompe falação do tucano em defesa das ‘reformas’. Sejamos francos, FH ouviu o galo cantar; achou que era um tucano áulico. A industrialização brasileira vive, de fato, uma compressão decorrente de desequilíbrios internos e externos. O fôlego industrial do país hoje é 5% inferior ao que existia no pré-crise de 2008. Quem acha que a perda é miúda deve ser informado que a corrosão ocorre justamente nos setores de ponta, aqueles que dão o comando aos demais segmentos da economia e da produção. A regressão decorre, em grande parte, da não retificação do substrato neoliberal trazido do ciclo tucano, a saber: privatizações que desguarneceram a capacidade do Estado investir na infraestrutura, indispensável à ampliação da competitividade sistêmica; liberdade de capitais; juros escorchantes; câmbio valorizado e miséria aniquiladora da demanda interna.

O governo Lula optou por atacar com maior contundência dois flancos desse modelo de inserção internacional dependente, construído pelo PSDB: o mercado de massa asfixiado pela fome de emprego, de comida, crédito e salário mínimo e o torniquete financeiro externo, feito de dívida alta e reservas baixas. Poderia ter ido além, afrontando o lobby rentista associado ao câmbio destrutivo? Tecnicamente, deveria. A resposta técnica descuida ‘apenas’ de um dado: a relação de forças permitiria atacar todas as frentes ao mesmo tempo?

Mal ou bem, as escolhas históricas de Lula deram ao seu segundo governo, e ao primeiro de Dilma, uma base de apoio social ampliada que hoje possibilita aprofundar o descolamento em relação à agenda neoliberal, evocada na nostálgica entrevista de FHC.

Nesse espaço dilatado pela política há uma discussão à espera de seus personagens; ela é sobremaneira urgente.

Até que ponto é possível blindar o país do vagalhão em curso apenas com doses de soro creditício e recuos graduais da Selic, como tem sido feito? Ou ainda: se o investimento privado não comparece para dar impulso sustentável a essa engrenagem, qual deve ser o espaço do Estado na resistência contracíclica à recessão?

Não se trata de menosprezar a importância dos mercados, sobretudo do mercado de capitais, mas as insuficiências da lógica privada ficaram evidentes na recente queda de braços entre o governo e a banca em torno dos spreads . A pendência só se inclinou a favor da redução do custo do dinheiro quando o governo decidiu politizar o tema e acionou uma poderosa alavanca indutora: os bancos estatais, que normatizaram o significado do interesse nacional nesse momemto. O mesmo ocorreu em 2008. Antes da crise, os bancos públicos eram responsáveis por 30% do crédito oferecido; hoje, por 40%. O crédito dos bancos públicos cresceu do equivalente a 15,5% do PIB para 22,5%. Sem eles, o lubrificante básico da atividade econômica, o crédito, minguaria como acontece na Europa agora.

Lição correlata vem da área do petróleo. O mundo estrebucha, mas a Petrobrás reafirmou investimentos de US$ 236, 5 bilhões até 2015 — US$ 142 bilhões em exploração e produção, o que significa uma fabulosa injeção de demanda por máquinas, serviços e equipamentos. Por que a Petrobrás é capaz de fazer, enquanto outras instancias do governo patinam? Levantamentos do Ipea mostram que dos R$ 13,661 bi destinados este ano à construção de rodovias, por exemplo, apenas R$ 2,543 bilhões (18,6%) foram gastos até maio.

Uma das respostas é que a existência da Petrobrás preservou a capacidade de planejamento do país no setor petrolífero; preservou e ampliou seus quadros de alto nível, expandiu o torque de sua engenharia, formou e massificou sua mão de obra; induziu e disseminou uma estratégica cadeia de fornecedores; criou e motivou a implantação de centros de pesquisa de ponta na área. Enfim, fez tudo o que foi suprimido ou interditado no interior do Estado brasileiro nos anos 90, e que um deslocado FHC reivindicou como ‘trunfo’ desperdiçado por Lula. O resultado desse ‘trunfo’ é a brutal dificuldade enfrentada agora para destravar investimentos imprescindíveis em infraestrutura, mesmo quando não existe restrição orçamentária. Os ditos ‘mercados’ não dão conta do recado; o Estado foi programado para não fazer.

Se quiser de fato ir além de soluços de consumo nos próximos anos, o Brasil talvez tenha que perder o medo de discutir um tema interditado pela ideologia do Estado mínimo nos anos 90: a criação de novas empresas públicas, estatais que possam nuclear setores estratégicos e fazer o mesmo que os bancos públicos e a Petrobrás fazem hoje em suas áreas de referência — colocar o mercado para trabalhar pelo país.

A título de ilustração, vale a pena ler reportagem recente do jornal Valor (abaixo). Ela mostra como até os batalhões de engenharia do Exército, livres do desmonte do ciclo tucano, e à margem das licitações feitas para não funcionar, conseguem entregar obras antes do prazo, em situações em que a livre iniciativa fracassa ou se torna onerosa. Roosevelt na Depressão dos anos 30, nos EUA, fez coisas que deixaram os capitalistas e a mídia de cabelos em pé. Foi acusado de comunista e odiado pelos endinheirados. Mas tinha o apoio dos sindicatos e o voto das ruas; salvou a economia do país. A lição daqueles dias vale para o governo Dilma, mas também convida os sindicatos e a CUT a irem além das reivindicações salariais. A ver.

Exército agora faz até projetos de aeroporto
Valor Econômico – 12/07/2012

Tocando 34 obras pelo Brasil, 25 delas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Exército passa agora a atuar também fazendo projetos de engenharia. Em agosto, serão entregues à Infraero os planos que podem destravar a expansão de três aeroportos, em Goiânia, Vitória e Porto Alegre. O Exército já trabalha na terraplenagem do aeroporto de Guarulhos e na construção da pista de São Gonçalo do Amarante (RN)

A presença do Exército na ampliação do sistema aeroportuário está ganhando uma nova dimensão. Além de trabalhar em obras estratégicas de grandes aeroportos, como a terraplenagem de Guarulhos (SP) e a construção da pista de São Gonçalo do Amarante (RN), a divisão militar de engenharia começa a assumir outro tipo de trabalho. Em agosto, chegam às mãos da Infraero os projetos de engenharia que podem destravar a expansão de três aeroportos: Goiânia (GO), Vitória (ES) e Porto Alegre (RS).

O lançamento de um plano de aviação regional, que espera a aprovação da presidente Dilma Rousseff, abre espaço ainda para uma tarefa adicional para o Exército. Ao liberar recursos para expandir o número de aeroportos atendidos por voos regulares de companhias aéreas – das atuais 130 para 200 localidades -, o governo não quer esbarrar na falta de competência técnica. Por isso, pretende colocar o Instituto Militar de Engenharia (IME) à disposição de Estados e prefeituras para a elaboração de projetos que permitam aos aeroportos regionais receber recursos da União.

O que motiva o governo a fortalecer a parceria com os militares são os resultados obtidos até agora na maior porta de entrada e saída do país. A terraplenagem do futuro terminal 3 de Guarulhos, com previsão inicial de entrega em dezembro de 2013, foi antecipada em 15 meses e deverá ser concluída em setembro deste ano. Com isso, a nova concessionária do aeroporto – formada pela Invepar e pela operadora sul-africana ACSA – fica com o caminho aberto para erguer um terminal com capacidade para 12 milhões de passageiros/ano, até a Copa do Mundo de 2014.

Tão impressionante quanto o ganho de tempo foi a redução nos valores. A obra, que inicialmente foi orçada em R$ 417 milhões pela Infraero, já obteve uma economia de R$ 130 milhões e deverá terminar com queda de 25% em relação ao custo original. Cerca de 150 militares trabalham na administração das obras de Guarulhos, que são executadas por três empreiteiras subcontratadas pelo Exército.

Concluídos esses empreendimentos, o contingente será imediatamente realocado para outras frentes de trabalho, com o objetivo de acelerar outras obras assumidas pelos militares. “Antigamente, não tínhamos esse conhecimento técnico sobre o setor aeroportuário, trabalhávamos apenas em campos de pouso e pistas na Amazônia. Hoje, temos essa capacitação e a tendência é que entremos em novos projetos, à medida que formos chamados”, disse ao Valor o chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, general Joaquim Maia Brandão.

O aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), concedido ao grupo Inframérica – uma aliança da brasileira Engevix com a argentina Corporación América – e que começará a funcionar em 2014, será uma das frentes a ganhar reforço. A iniciativa privada ficou encarregada de construir o terminal de passageiros e coube ao Exército entregar o sistema de pista e pátio de aeronaves, com prazo até o fim do ano que vem.

Para acelerar as obras, dois novos grupos estão sendo deslocados. Primeiro, o batalhão que concluiu um dos lotes da transposição do rio São Francisco, em Cabrobó (PE). Depois, o que vem trabalhando na BR-101, no Rio Grande do Norte.

O general Brandão diz que o Exército ainda não alterou o prazo de entrega de São Gonçalo (dezembro de 2013), mas admite a possibilidade de antecipação do cronograma “dependendo das condições meteorológicas”. A pista de pouso e decolagem já foi concluída. Falta ainda avançar nos serviços de drenagem, sinalização e balizamento.

As equipes chefiadas por Brandão também estão trabalhando na reforma da pista do aeroporto de Rio Branco (AC), fechada uma vez a cada 15 dias, para as obras de recuperação. Mas é na área de elaboração de projetos básicos e executivos de engenharia que podem surgir novidades nas próximas semanas.

Em agosto, o Exército entregará os projetos executivos para a ampliação da infraestrutura de pistas e pátios de aeronaves em Goiânia e em Vitória.

Com isso, a expectativa da Infraero é retomar obras completamente paradas há cinco anos. Em 2007, após o Tribunal de Contas da União (TCU) ter encontrado indícios de irregularidades nos contratos da estatal com as empreiteiras vencedoras das licitações, as obras dos dois aeroportos foram interrompidas.

O general admite que hoje o Exército trabalha à beira do limite, mas a conclusão dos três projetos para a estatal pode abrir espaço para outras parcerias nos aeroportos. Com um contingente de 15 mil homens em obras de infraestrutura pelo país, o Exército procurar deslocar militares, em vez de aumentar o efetivo. “Assumir novos projetos é uma decisão que depende de convite da Infraero”, diz Brandão.

O presidente da Infraero, Gustavo do Vale, deixa o caminho aberto para continuar usando os serviços dos militares. “Quando eles terminarem o que estão fazendo, ficamos de conversar. Não abro mão da parceria que temos com o Exército. Ela tem sido exitosa em todos os sentidos”, diz.

Até agora, o Exército teve três tipos de participação nas obras da Infraero: gestor de contratos com empreiteiras, executor de obras e projetista. Entre as modalidades, diz Vale, a tendência é intensificar os trabalhos de administração – como ocorre em Guarulhos – e de execução dos empreendimentos, caso de São Gonçalo do Amarante. Hoje há uma lista de obras públicas à espera da “empreiteira” militar.

Requião sobre o liberalismo de jabuticaba


Por Michel
Nassif, vale a pena assistir ao discurso de ontem (09/07/2012) do senador Roberto Requião (PMDB-PR) - que pegou emprestada a sua expressão "liberalismo de jabuticaba".
Tem 30 minutos de duração, mas vale a pena. É uma aula sobre o golpismo na América Latina; o papel da Igeja; o histórico das elites contra os movimentos sociais... É sem dúvida um discurso histórico, como afirmou o senador Paulo Paim (PT-RS).
 





terça-feira, 10 de julho de 2012

Governo boliviano processará a revista Veja

Por MiriamL
Uol
Bolívia processará revista Veja por reportagem sobre drogas
AFP
LA PAZ, 9 Jul 2012 (AFP) -O governo boliviano vai processar a revista Veja na justiça brasileira por sua última publicação sobre vínculos de autoridades da Bolívia com um narcotraficante, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
"Vamos recorrer às instâncias judiciais no Brasil por meio de nossa embaixada, e vamos pedir à Veja que prove que autoridades bolivianas estão envolvidas com o narcotráfico, com provas", afirmou Quintana em uma entrevista coletiva à imprensa no Palácio de Governo.
A revista brasileira indicou -baseada em supostos relatórios de inteligência da polícia boliviana, que não foram identificados- que o narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado Munhoz Filho se reuniu em 2010 na cidade boliviana de Santa Cruz (leste) com Quintana, quando este era diretor de uma agência fronteiriça. Leia mais »

O livro "Por que os Estados Unidos Fracassaram"

Por jucapastori
Do Diário do Centro do Mundo
Por que os Estados Unidos fracassaram
Paulo Nogueira
Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico americano que vale a pena conhecer.
Acabo de ler “Por Que os Estados Unidos Fracassaram”, dele. A primeira coisa que me ocorre é: tomara que alguma editora brasileira se interesse por este pequeno – 196 páginas — grande livro.
A questão do título é respondida amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os americanos a um declínio tão dramático.
O argumento inicial de Berman diz tudo. Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de objetos não pode funcionar.
Berman cita um episódio que viu na televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York. Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob indiferença geral, até que finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta. Leia mais »

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O neogolpismo e a velha mídia

Fonte: Adriano Marcello Santos, no Facebook


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Neolacerdeismo e economia

(Ilustração capa: Cézanne)
Do Cafezinho - 06/07/2012
Miguel do RosárioTemos dois artigos hoje no jornal escritos sob o mesmo espírito. Ziquinha e seu Oscar, de Chico Alencar, e Fantasmas no Caminho, de Fernando Gabeira encaixam-se melodiosamente na estratégia da mídia de criminalizar e denegrir a política. Neste sentido, são petardos conservadores. Ambas são levianos. Abordam temas profundos sem apresentar dados ou argumentos consistentes.
Gabeira inicia o seu texto com fundo musical de filme de terror. O cara realmente entrou pro lado mal da força. Fala que esteve em São Paulo, numa determinada loja, às 14 horas, e ela estava vazia. Daí, numa pirueta mortal, ele faz a ilação descarada de que vivemos uma crise anunciada, uma bolha de crédito que vai explodir a qualquer momento.
Um autêntico urubu.
Tenho pensado muito sobre isso. Uma vez, no Óleo do Diabo, recortei um trecho de Keynes, que adverte precisamente sobre o risco econômico de uma mídia empenhada em combater um governo progressista. Para isso, não hesitará em influenciar negativamente a tomada de decisões da classe empresarial no país, com vistas a produzir um ambiente de mal estar e crise.
Ora, acontece que o desenvolvimento industrial atualmente é uma questão sobretudo de atitude. Se todo mundo ficar se lamuriando, reclamando dos impostos, da infra-estrutura, então não sairemos nunca do subdesenvolvimento. O industrial brasileiro não pode esperar o governo resolver todas a confusões tributárias pra começar a trabalhar. Tem que botar a mão na massa agora. Burocracia é complicada no mundo inteiro.
A mídia comece a ser bem sucedida em sua estratégia de fazer profecias autorrealizáveis. É uma torcida tão engajada por números negativos na economia, que os empresários se retraem, atemorizados, e aí os números efetivamente se tornam negativos.
O pessimismo em relação à economia brasileira pode ser uma opção estética ou ideológica respeitável, mas considerado friamente é uma estupidez. O Brasil tem uma população enorme, dentro da melhor faixa etária possível, recursos naturais abundantes, crédito lá fora, democracia funcionando direitinho; os dados macro-econômicos são pujantes e tem melhorado ano a ano. Um amigo que trabalha na prefeitura do Rio me lembrou outro dia que o orçamento municipal cresceu nos últimos anos de uns 6 a 8 bilhões para 24 bilhões de reais em 2012.
Sobre a indústria, temos que pensar o seguinte: ainda que haja quedas pontuais em alguns setores, o Brasil está assegurando a infra-estrutura básica: na energia, na siderurgia, na construção-civil, na produção de carros, motos e tratores. Falta agora estabelecer uma indústria ferroviária, o que será uma consequência a médio-longo prazo da construção do trem bala – que os mesmos urubus não querem fazer.
Temos água potável, petróleo, terras, minérios, além de siderurgias, refinarias e fábricas de autopeças. Que país, além dos EUA, possui potencial tão espetacular, sendo que os EUA vivem o final de um impressionante ciclo de crescimento?
As análises econômicas não podem se amarrar a formas de pensar binárias, simplistas, que enxergam apenas um dado (o PIB, por exemplo) e não o conjunto da economia brasileira.
Por isso eu acho a choradeira política de Gabeira e Alencar uma reação infantil. Seus argumentos não se firmam em bases consistentes. Um deles encontra uma loja vazia em São Paulo, às 14 horas, e usa o fato como base para vaticinar desgraças. O outro inventa um personagem fictício para falar mal da política brasileira.
Ora, não é preciso inventar um “ziquinha” para falar mal da política. Mas critique de frente, com a própria boca, e não pela boca de um boneco inventado. Agora só falta a essa. O político não tem voto, não tem apoio de outros partidos, nem de movimento social, nem de sindicato, ou seja, não tem apoio de ninguém, então inventa um “ziquinha”, um homem “bem popular” na cidade, para corroborar suas ideias…
Chico Alencar comete um erro crasso, muito comum entre esquerdistas de botique: subestimar a inteligência do povo. Na verdade, é pior do que subestimar, parece que eles querem manter o povo na ingenuidade, e assim posarem de esquerdistas puros, eleitos com o voto da classe média mediatizada. O preço é ficar bem na Globo!
E assim o sujeito diz que “frequenta o movimento popular” e afirma que eles (o movimento popular) não entendem, por exemplo, o pragmatismo na política.
Eu não acredito na ingenuidade do povo. E se o “movimento popular” apresenta uma visão idealista ou ingênua de mundo, deve-se procurar esclarecê-lo acerca das estratégias. O movimento social brasileiro tem que ficar mais inteligente, astuto, vivo e determinado, ao invés de se tornar mais ingênuo, idealista e burro.
E a esquerda nunca pode esquecer a dimensão da urgência, que também requer flexibilidade política e disposição aliancista.
A urgência do povo, que ainda agoniza em hospitais lotados e infectos, e cujos filhos estudam em escolas de má qualidade, é absoluta: quer promover já mudanças efetivas, e se consolidem no longo prazo, que não seja apenas um “vôo de galinha”.
A democracia brasileira está viva. É capitalista, sim, envolve campanhas milionárias onde os interesses econômicos se conflitam, mas oferece também abundante recurso público e gratuito (via horário eleitoral e fundos partidários) para se fazer a luta política, o que é um aspecto socialista.
Segundo Robert Alan Dahl, um dos mais importantes cientistas políticos contemporâneos, as democracias modernas são uma mescla de capitalismo e socialismo.
Em todos esses países, há representantes e correntes de opinião divergentes entre os dois eixos básicos da política humana, ainda identificados como esquerda e direita: um mais voltado à promoção da igualdade e justiça social; outro voltado à valorização da criatividade e do empreendedorismo individuais; isso pra só falar dos aspectos positivos, claro. O progressismo democrático resulta de uma combinação equilibrada desses dois espíritos.
Os faniquitos de Chico Alencar e Gabeira não contribuem em nada para a valorização da política, não por causa do seu pessimismo, mas por sua inconsistência. Já que eles gostam tanto de falar em ética, digamos que o pessimismo de Gabeira e Chico não é ético. Não é um pessimismo viril e autêntico de um filósofo, ou de um cidadão qualquer que tenha uma visão de mundo inteligente e sombria. O pessimismo deles é superficial, partidário, adocicado, medroso. Tratam sua própria falta de perspectivas como se fosse um problema nacional.
Os estudos mais embasados da realidade política brasileira não mostram nenhuma “decadência” moral, ideológica ou política. Os partidos fazem alianças sim, mas se considerarmos o país como um todo, a maioria delas são alianças consistentes com os projetos nacionais. PSDB, DEM e PPS estão juntinhos no país inteiro. PT, PCdoB, PSB, estão mais unidos agora do em qualquer outro momento, apesar do estardalhaço com que a mídia trata problemas ocorridos em 2 ou 3 cidades. Sendo que em Recife, o PSB não tem culpa de absolutamente nada. O PT implodiu sozinho. A venda de tempo de tv feita por alguns partidos nanicos são fenômenos marginais; mas a negociação política em torno do tempo de tv dos partidos se dá em torno de interesses políticos e partidários que, mal ou bem, refletem anseios sociais e econômicos concretos.
Analisando o histórico das alianças dos últimos anos e a evolução dos representantes políticos, não há base para falar em decadência. Além do mais, o percentual de votantes no total da sociedade atingiu a plenitude somente nos últimos 10 anos, de maneira que só agora temos um parlamento realmente representativo do povo brasileiro. Um parlamento cheio de vícios, assim como o povo, mas não é científico dizer que é pior que os anteriores.
A tecnologia e a vontade popular tem tornado o ambiente político, institucional e partidário brasileiro mais transparentes. Há muito vício e corrupção, mas nunca tivemos tantas ferramentas para combatê-los como agora, em que todas as despesas, convênios e contratos terão que ser publicados na internet.
A verdade é que raramente os intelectuais, midiáticos ou não, entendem a política. Para eles, os políticos serão sempre seres impuros. Os intelectuais, ensina Espinoza, têm invariavelmente um visão irreal da política.
Em relação às alianças, temos o mesmo problema. Há um viés antidemocrático e reacionário no purismo. O que enriquece a democracia não é justamente a gama enorme de cores que ela oferece? Os políticos representam interesses econômicos. Um político que só represente a si mesmo não tem mais futuro no país. E se ele representa um setor econômico, então a sua aliança, à esquerda e à direita, é um fenômeno democrático; não necessariamente positivo, mas ainda sim democrático.
Quanto à ideologia propriamente dita, os partidos, os políticos e os povos, ou seja, a vida real é muito mais complexa, rica e interessante do que o mundinho das teorias. Tudo bem aceitar que existe diferença entre esquerda e direita, mas pretender que essas definições sejam uma questão fechada, ou pior, arrogar-se como único ou verdadeiro representante de uma ideologia ou de uma classe, não me parece sensato.
Por isso dou razão ao Congresso em ter derrubado a regra autoritária do STE de verticalizar a política de alianças, proibindo que partidos divergentes a nível nacional se aliassem a nível local. Seria uma violência à liberdade partidária e à democracia. Se um partido quer se desprender de outro, é ótimo que possa fazê-lo de maneira menos traumática, reduzindo o número se alianças locais. Da mesma forma, se um partido quer se aproximar de um antigo adversário, pode começar fazendo alianças locais. Cria-se um ambiente de liberdade que azeita as engrenagens ideológicas que criam e quebram alianças.
Quanto ao estado de espírito que eu mencionava no início do post, penso o seguinte: para desenvolver nossa democracia, assim como nossa indústria, temos que ser otimistas, empreendedores e criativos, o que implica em fechar o ouvido à mediocridade midiática e investir no futuro. Quem viver, verá.

O golpismo e suas lições. Carta Capital e Veja: uma comparação simples mas bastante esclarecedora.


Roberto Amaral
CartaCapital

Qualquer analista da política sul-americana concordará que uma das características distintivas dos processos brasileiro e hispano-americano é, no caso de nossos vizinhos, sua rápida revolução, contrastando com o vagar das transformações históricas brasileiras.

Fomos a única monarquia americana, o último país a desfazer-se — e assim ainda muito mal — do escravismo. Aqui a República, fruto de um golpe de Estado, já nasceu decrépita, envilecida por uma oligarquia rural arcaica que a monopolizou por 40 anos, período em que jamais houve o encontro da democracia com a representação. A ‘revolução’ de 30, proposta para promover esse encontro, terminou como uma ditadura ) civil (15 anos) sustentada pelas armas.

Aqui, as ditaduras foram longevas e lentas, e os processos de redemocratização foram conquistados palmo a palmo. Agora mesmo, passados tantos anos do fim da queda da última ditadura, a discussão contemporânea é se podemos processar os agentes do terrorismo de Estado, enquanto nossos vizinhos já têm os seus na cadeia. Por enquanto só nos é dado (se tanto) conhecer a verdade negada à História, e pelo menos enterrar nossos mortos, chamados de ‘desaparecidos’, o neologismo aviltante grafado pela ditadura.

Se o processo brasileiro é mais lento, parece ser menos propício a sobressaltos, tendendo a uma evolução sem riscos de interrupções abruptas. Sem querer lembrar um passado que teima em ficar presente, nossa evolução se dá de forma gradual, lenta, mas firme. Nessa hipótese, o gradualismo, passando pela transação e pela conciliação, ainda que agravando as dores e excitando as ansiedades, ensejaria uma mais fecunda semeadura do processo democrático.

Talvez seja pueril minha leitura, mas suponho poder afirmar que, finalmente, construímos a mais forte estrutura político-institucional democrática da República, apesar do esforço sempiterno da grande imprensa no seu objetivo de desmoralizar a política, sem a qual, todavia, não há democracia de qualquer espécie. E ela mesma sabe disso, pois foi desmoralizando a política e seus agentes, os partidos e os políticos, que nossos jornalões abriram caminho para as rupturas constitucionais, desde as quarteladas do início do século ao golpe de 1964.

O fato objetivo de hoje é que estamos prestes a festejar 30 anos de vida democrática ininterrupta, e, se é possível arriscar predições, em condições de afirmar que o cenário que se descortina a olho nu é de tranquilidade institucional, e, seja-me permitido o otimismo, de avanço social. Nesses anos pós-ditadura militar, reconstruímos a ordem constitucional e vivenciamos com sucesso seis eleições presidenciais.

Realizamos a proeza de eleger duas vezes um operário presidente da República, e, para sucedê-lo, uma notável mulher que chega à política depois do batismo na luta contra a ditadura, cujos porões conheceu, na tortura infamante e na cadeia. Atrás desse operário e dessa presidenta havia e há, nas campanhas eleitorais e no governo, um amplo apoio de massas assentado em uma coalizão de partidos sob a hegemonia da centro-esquerda.

Essas considerações mais ou menos impressionistas me ocorrem como reflexão em face da crise paraguaia, quando um golpe-de-Estado-parlamentar interrompeu o mandato constitucional e legítimo do Presidente Fernando Lugo.

Em poucas horas a administração popular do presidente paraguaio foi demolida por uma razia parlamentar, sem que à truculência da classe dominante reacionária se opusesse a força das grandes massas assaltadas.

O fenômeno ao qual nos estamos referindo não se circunscreve ao nosso vizinho.

Os golpes antes intentados na Venezuela, no Equador e na Bolívia, onde até a secessão foi cogitada, são a resposta da direita sul-americana, feudal e anti-nacional, em face de governos conquistados na proa de históricos processos de emergência das massas, pela vez primeira, nesses países, dissociados das elites e de suas classes dominantes, comprometidas com o atraso no qual se cevam.

O golpe consumado em Honduras, ao final consolidado pela pusilanimidade estadunidense, parece ter sido apenas um laboratório do qual o Paraguai é um experimento. Outros golpes estarão nas mesas de ensaio?

A frustração daqueles golpes (Equador, Venezuela, Bolívia) nos impediu de ver a permanência de sua ameaça, pois a direita em nosso continente (lembremos sempre o já sabido) jamais esteve comprometida com a democracia.

Em comum nesses países, a pobreza da organização social, que não se expressa mediante organizações partidárias fortes e inseridas na vida política, donde a fragilidade das administrações populares, sem base de sustentação institucional, e sem condições de mobilização e resistência diante da ofensiva de seus adversários.

Não basta ao bom Príncipe ganhar o poder (no caso concreto, mais exatamente o governo), pois o desafio é conservá-lo.

Há, porém, uma severa distinção a destacar entre a política brasileira contemporânea e a de nossos vizinhos, e ela reside no fato de aqui a esquerda haver aprendido que, para governar, ela precisa de alianças para além de seu campo, de par com a conservação da capacidade de mobilização popular (relembro a resistência de Lula às tentativas de golpe de 2005). A solidão de Lugo em seu Parlamento sem aliados contrasta com o apoio partidário de que a presidenta Dilma Rousseff dispõe nas duas casas do Congresso brasileiro.
Será esta outra lição?

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No Paraguai, Veja está com Franco e não abre

“Presidente Federico Franco, é o entrevistado das páginas amarelas; diz que a deposição de Lugo foi constitucional e que os militares “foram fiéis à pátria” não se prestando à suposta tentativa de golpe arquitetada por Hugo Chávez; em editorial, a revista da Abril assumiu sua posição: é a favor do golpe
Federico Franco, presidente do Paraguai desde a deposição de Fernando Lugo, surge doce, cândido e com ar de bom moço na foto que ilustra a entrevista de páginas amarelas da revista Veja deste fim de semana. Nela, Franco nega que tenha havido golpe de Estado no Paraguai, muito embora tudo tenha sido decidido em menos de 48 horas, sem que seu antecessor, Fernando Lugo, tivesse tido a oportunidade de apresentar sua defesa. “Houve um processo de impeachment que está previsto na Constituição, com respeito absoluto à democracia e aos direitos humanos”, disse Franco ao repórter Hugo Marques, que foi enviado a Assunção.
Na entrevista, em que Franco não foi questionado sobre o rito sumário da deposição de Lugo, o presidente paraguaio se coloca como um amigo e aliado do Brasil, citando a parceria em Itaipu, os 500 mil brasiguaios que vivem do outro lado da fronteira e os laços de amizade histórica que aproxima os dois países. “Tenho esperança de que o Itamaraty, que sempre teve uma conduta retilínea e exemplar, possa reavaliar sua posição”, diz Franco, falando sobre a expulsão do Paraguai do Mercosul. “Tudo nos une. Nada nos separa”.
Golpe, na visão do presidente paraguaio, foi a suposta tentativa da Venezuela, de Hugo Chávez, de incitar uma resistência militar em favor de Fernando Lugo. “Os generais foram fiéis à pátria”, disse Franco, citando a suposta ingerência de Chávez em assuntos internos do Paraguai.”
A favor do golpe
Além de entrevista Franco, a revista Veja demarcou sua posição sobre a crise do Mercosul, num editorial assinado pelo diretor Eurípedes Alcântara. O texto, sob a foto dos presidentes dos países sul-americanos, foi intitulado “A aliança para o atraso”, numa clara referência à “Aliança para o progresso”, um programa que, entre 1961 e 1970 buscou aproximar os Estados Unidos da América do Sul – foi justamente neste período que se implantaram as sementes das ditaduras no continente.
No editorial, Veja fez troça da posição da diplomacia brasileira na crise paraguaia. “Um desses episódios foi a bizarra reação brasileira ao processo constitucional de impeachment que tirou da presidência do Paraguai o esquerdista Fernando Lugo. A diplomacia brasileira foi, para ficarmos com a hipótese mais benigna, mera espectadora da inaceitável tentativa do venezuelano Hugo Chávez de fomentar um golpe militar em Assunção e, assim, evitar a saída de Lugo do poder”, escreveu Eurípedes.
Veja assumiu seu lado: é a favor do golpe de Franco, a quem considera um democrata. E já que perguntar não ofende, como será que se comportaria se algo semelhante ocorresse no Brasil?”

Em nome do tucanato, Álvaro Dias avalisa o golpe e quer barrar Caracas no Mercosul

O novo governo paraguaio pode ficar tranqüilo: o senador Álvaro Dias garantiu ao presidente Franco o apoio incondicional do PSDB à nova ordem estabelecida em Assunção. Com essa solidariedade, o chefe de governo do país vizinho está apto a reverter a situação de repúdio continental, vencer a parada no Mercosul e roncar grosso – como, aliás, está começando a fazer – contra o Brasil, a Argentina e o Uruguai”.Escreveu Mauro Santayana em seu site....
 
E Álvaro Dias, apoiado pelo PSDB,ganhou o título de embaixador dos golpistas
 
O senador brasileiro Álvaro Dias (PSDB-PR) reuniu-se ontem como presidente do Paraguai, Federico Franco, criticando a decisão do governo Dilma Rousseff de "isolar" o país vizinho. Dias afirmou ainda que o PSDB analisará a possibilidade de entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a entrada da Venezuela no Mercosul.
 
A decisão final do partido será anunciada na terça-feira.
 
O Congresso paraguaio não aprovou a entrada de Caracas no bloco, mas, como Assunção está suspensa do Mercosul, os outros três membros entenderam que era possível incorporar a Venezuela.
 
Também ontem, o presidente da comissão da Defesa da Câmara de Deputados do Paraguai, José López Chávez, anunciou que manteve conversas com generais dos EUA para negociar a instalação de uma base militar no Chaco

Supremos momentos; Tucano tentou orientar Gurgel contra Agnelo e campanha do Haddad

Têmis, a deusa mitológica da Justiça, sempre desfrutou de grande prestígio. Dante lembrou-se dela no Purgatório. Ovídio, na Metamorfose, contou em poema épico a solução do oráculo para Pirra e Deucalião povoarem o planeta devastado pelo Dilúvio Universal. Assim, os dois saíram a atirar, sem olhar para trás, pedras que se transformavam, ao tocar o solo, em mulheres e homens, conforme lançadas pelo casal.
 
A venda nos olhos de Têmis foi colocada por artistas alemães da Idade Média, como lembra o jurista Damásio de Jesus e para simbolizar a imparcialidade. No Brasil, seria melhor termos uma Têmis de olhos bem abertos e com representantes no Supremo Tribunal Federal (STF), com mandato improrrogável de cinco anos. Como ironizou Mario Quintana, o poeta das coisas simples: “A Justiça é cega e isso serve para explicar muita coisa”.
 
A propósito, o STF, nos últimos 40 anos, condenou à pena de prisão fechada apenas um deputado, e ele era do baixo clero: Natan Donatan (PMDB-RO). Em 2 de agosto, começará o julgamento do processo criminal que ficou conhecido por mensalão, com 38 réus, 234 volumes, 495 anexos e 50.119 páginas. Têmis estará lá, entronizada que foi na parte externa da sede do Pretório, com venda nos olhos e de costas para os 11 julgadores.
 
O nome “mensalão” completou sete anos de idade e restou cunhado pelo então deputado e delator Roberto Jefferson. Refere-se, conforme o Ministério Público Federal em denúncia apresentada e recebida pelo STF, a um esquema de compra, habitual e em dinheiro, de apoio de parlamentares e a envolver crimes de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas e corrupção ativa e passiva.
 
Jefferson, um dos réus, admitiu ter recebido 4,5 milhões de reais. Até hoje, ele não declinou, de modo a conferir impunidade, os nomes dos parlamentares do seu partido político e para os quais repassou o dinheiro. Talvez pelo silêncio com relação aos seus, Jefferson, um varão de Plutarco às avessas, mantém-se como presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A propósito, ele contou ter embolsado vivos 4 milhões de reais e o restante mandou seu motorista buscar no restaurante do Banco Rural.
 
O ministro Ayres Britto, presidente da Corte excelsa, quebrou lanças para tentar julgar o caso antes de se aposentar em 18 de novembro próximo. No momento, os ministros do STF gozam férias e Brito tentou suspendê-las para poder antecipar o julgamento. Apesar do recesso e movido pela preocupação de uma quase certa falta de tempo para se colher o voto do ministro Cezar Peluso, que se aposenta compulsoriamente em 3 de setembro, o presidente Britto tenta mudar o cronograma já divulgado. Ele trabalha, junto aos seus pares, para marcar três sessões semanais e apressar a solução final.
 
De olho num desgaste de adversários em período eleitoral, muitos aplaudem a pressa de Britto. Lógico, se esquecem da lentidão do processo chamado “mensalão tucano”. Na verdade, e a Têmis bem sabe, o julgamento açodado compromete o processo justo. A pressa jamais pode ser o objetivo principal em um julgamento.
 
No caso do “mensalão”, os ministros realizaram, sem ouvir os advogados constituídos pelos réus, uma divisão de tempo para a sustentação oral em plenário da Corte e o acusador ganhou prazo maior. Dessa maneira, os ministros transformaram o poder discricionário em puro arbítrio.
 
Diante desse quadro e com dois ministros impedidos por flagrante parcialidade (Gilmar Mendes e Dias Toffoli), surgirão incidentes processuais que poderão furar o cronograma. E até impossibilitar, pelo decurso do tempo, o voto de Peluso, ainda que se cogite de antecipar o voto, depois dos lançados pelo relator e o revisor.
 
Nada justifica tal apressamento, e aqui cabe um data venia em homenagem a Ayres Britto. Em clima impróprio por pressões e cúmulos de interesses variados, o julgamento poderá transmudar-se de técnico para político. O STF, diversas vezes, optou por decisões políticas. Por exemplo, ao decidir pela legitimidade da denominada lei da anistia, aprovada por Parlamento biônico e cunhada pelos militares para garantir a impunidade em face de consumados crimes de lesa-humanidade, os ministros, por maioria e conduzidos pelo voto de Eros Grau, deram uma decisão política, além de canhestra.
 
Numa apertada síntese, deveria ser esquecida a pressa e se focar no fazer Justiça no melhor dos climas. Peluso, que é homem honrado e que nunca tirou coelho de cartola, deveria pendurar a toga na volta do recesso pela razão de não poder, colhido pela aposentadoria, acompanhar o voto dos demais.
Até o final do julgamento, o julgador pode se retratar diante dos argumentos apresentados nos votos dos demais. Se Peluso votar e cair fora, será vencido, e aqui cabe outro data venia, pela soberba. Com dez ministros (contando Mendes e Toffoli) e empate, vai valer o in dubio pro reo, pois todos são presumidamente inocentes.
 
Wálter Maierovitch,CartaCapital
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Tucano tentou orientar Gurgel contra Agnelo
Tucano tentou orientar Gurgel contra Agnelo

Documento da CPI revela que o deputado Fernando Francischini (PSDB/PR) articulou montagem de dossiê contra o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, que seria entregue ao procurador-geral, Roberto Gurgel; da trama, participaram ainda arapongas de Carlos Cachoeira e jornalistas de Brasília; isenção política de Gurgel é colocada em xeque
O site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, publicou, neste domingo, um documento ainda inédito da CPI do caso Cachoeira, que cita o procurador-geral da República, Roberto Gurgel ((leia aqui).
São conversas que envolvem o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) e o araponga Idalberto Matias, o Dadá, além de personagens conhecidos da política brasiliense, como o ex-senador Alberto Fraga, do DEM, e os jornalistas Edson Sombra e Mino Pedrosa. Ambos, críticos ferozes da gestão de Agnelo Queiroz, do PT, no governo do Distrito Federal. Já se sabia que Francischini pensava em mudar seu domicílio eleitoral do Paraná para Brasília, onde concorreria ao GDF em 2014 – a revelação foi feita, aqui, no 247. A novidade é que, pela primeira vez, há grampos que citam o nome do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
 
Nos diálogos, interlocutores de Dadá articulam para que Gurgel apresente denúncia contra Agnelo Queiroz. O trabalho do grupo envolvia, ainda, a publicação de notícias em blogs políticos de Brasília contra o governador.
Num email interceptado pela Polícia Federal, Alberto Fraga sugere a Edson Sombra que fale com Mino Pedrosa para maneirar as denúncias contra Agnelo, para não prejudicar o trabalho do procurador-geral. “Você tem que falar com o Etelmino para ele ir com calma. Pois todo esse alvoroço pode até atrapalhar o trabalho que o Gurgel está fazendo junto com o Francischini”.
 
No início do ano, o deputado tucano denunciou, na revista Veja, a existência de uma central de grampos, no governo do Distrito Federal, contra adversários políticos de Agnelo Queiroz. Ele estaria entre os alvos, assim como os jornalistas Edson Sombra e Mino Pedrosa. Em abril, Francischini disse até que pediria a prisão do governador do Distrito Federal. O que o documento publicado neste domingo revela, no entanto, é bem diferente. Era Francischini quem tramava com Dadá, Carlos Cachoeira, Alberto Fraga e blogueiros de Brasília a queda do governador. O que ainda não se sabe é qual era o grau de envolvimento do procurador Gurgel na trama. Leia trechos dos documentos aqui .

sábado, 7 de julho de 2012

Os mensalões, um comparativo

Por coincidência, justamente quando o julgamento do mais famoso “mensalão”, que alguns chamam “do PT”, foi marcado, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sua denúncia contra os acusados de outro, o “mensalão do DEM” do Distrito Federal.
Trata-se mesmo de um acaso, pois a única coisa que os dois compartilham é o nome. Equivocado por completo para caracterizar o primeiro e inadequado para o segundo.
 
Naquele “do PT”, nada foi provado que sugerisse haver “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de (gordas, como indica o aumentativo) propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo. No outro, essa é uma das partes menos importante da história.
 
Alguns acham legítimo – e até bonito – empregar a expressão como sinônimo genérico de “escândalo” ou “corrupção”, mas isso só distorce o entendimento. O que se ganha ao usar mal o português? No máximo, contundência na guerra ideológica. Chamar alguma coisa de “mensalão” (ou adotar neologismos como “mensaleiro”) tornou-se uma forma de ofender.
Fora o nome errado igual, os dois são diferentes.
 
Ninguém olha o “mensalão” de Brasília como se tivesse significado especial. É somente, o que não quer dizer que seja pouco, um caso de agentes políticos e funcionários públicos, associados a representantes de empresas privadas, suspeitos de irregularidades.
 
Por isso, se o STJ acolher a denúncia, o processo terá tramitação normal. Sem cobranças para que ande celeremente. Sem que seja pintado com cores mais fortes que aquelas que já possui. Sem que se crie em seu torno um clima de “julgamento do século” ou sequer do ano.
É provável que aconteça com ele o mesmo que com outro mais antigo, o “mensalão do PSDB”. Esse, que alguns dizem ser o “pai de todos”, veio a público no mesmo período daquele “do PT”, mas avança em câmera lenta. Está ainda na fase de instrução, sem qualquer perspectiva de julgamento.
Por que o que afeta o PT é mais importante?
A resposta é óbvia: porque atinge o PT. Se os “mensalões” da oposição são tratados como secundários e se outros são irrelevantes (como os que a toda hora são noticiados em estados e municípios), deveria existir no do PT algo que justifique tratamento diferente.
 
Há quem responda com uma frase feita, tão difundida, quanto vaga: seria o “maior escândalo da história política brasileira”. Repetida como um mantra pelos adversários do PT, não é substanciada por nenhuma evidência, mas circula como se fosse verdade comprovada.
 
“Maior” em que sentido? Os recursos públicos movimentados seriam maiores? Mais gente estaria envolvida?
É difícil para quem lê as alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) compreender o montante que em sua opinião teria sido desviado e como. O documento é vago e impreciso em algo tão fundamental.
 
Essa indefinição pode ser, no entanto, positiva: deixa a imaginação livre. Qualquer um pode inventar o valor que quiser.
 
O “mensalão do DEM”, ao contrário, tem tamanho especificado: 110 milhões de reais. Nele, o MPF não se confundiu com as contas.
Se o critério para considerar maior o petista for a quantidade de envolvidos, temos um curioso empate: dos 40 acusados originais, número buscado pelo MPF apenas por seu simbolismo, restam 37, tantos quanto os denunciados no escândalo de Brasília.
 
E há diferenças notáveis. No “mensalão do DEM”, os agentes públicos foram citados por desviar dinheiro para enriquecimento pessoal, o que, em linguagem popular, significa roubar. No “do PT”, nenhum.
De um lado, valores certos, acusados em número real, motivações inaceitáveis. Do outro, o oposto.
 
Quando o procurador-geral declarou que “a instrução comprovou que foi engendrado um plano criminoso para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, esqueceu que nem sequer uma linha de suas alegações o demonstrou. Arrolou 12 deputados (quatro do PT), que equivalem a 2% da Câmara, número insuficiente para sequer presumir que houvesse “um esquema de cooptação de apoio político”, a menos que inteiramente inepto.
 
No caso de Brasília, nada está fantasiado, é tudo visível, o que não significa que tenha sido provado de forma juridicamente correta.
 
No fundo, essa é a questão e a grande diferença entre os dois. Quando a hora chegar, o “mensalão do DEM” deverá, ao que tudo indica, ser analisado de maneira técnica. Se o “do PT” o fosse, pouco da acusação se sustentaria.
Tomara que os ministros do STF consigam independência para julgá-lo de maneira isenta, livres das pressões dos que exigem veredictos condenatórios.
 
Marcos Coimbra

A Globo mente.

#GloboFail: Replay do UFC narrado “ao vivo” por Galvão Bueno vira piada no twitter
Ontem de madrugada ao abrir o twitter vi quase toda a minha Time Line comemorando a vitória de Anderson Silva, mas a TV Globo ainda anunciava a transmissão da luta para daqui a pouco.
 
Só depois de quase 1 hora Galvão Bueno iniciou a transmissão do replay sem que fosse registrado que a luta já havia se encerrado. Ao contrário, o narrador teve o desplante de mandar um “voltamos ao vivo”, como se tudo acontecesse em tempo real.
Acompanhar a trollagem pelo twitter passou a ser muito mais interessante do que assistir a luta. Internautas utilizaram o #GloboFail e o #aovivonaglobo para ironizar a picaretagem. Fatos históricos passaram a ser citados como se estivessem sendo transmitidos ao vivo na TV. Entre eles, a chegada do homem à lua e a queda do muro de Berlim.
 
A piada mais recorrente, porém, era de que o brasileiro Anderson Silva já estava em casa assistindo “ao vivo” a transmissão de sua vitória com a narração de Galvão Bueno.

O episódio seria apenas cômico se não fosse ilustrativo do nível em que chegou a TV brasileira. A Globo usa recorrentemente de mentiras para ludibriar seus telespectadores e o faz achando que ainda estamos nos anos 80, 90, quando a internet era coisa de cientistas.
 
Mas o mundo mudou bastante no que diz respeito ao acesso à informação.
 
Ao abrir o twitter hoje pela manhã vi que no TT Brasil o termo que liderava era o #ChupaSonnen, nome do americano falastrão derrotado por Anderson Silva. E o segundo era #GloboFail. Isso no momento em que acontecia a transmissão ao vivo da prova de F1, em Silverstone.
 
Ou seja, ao fim e ao cabo um evento bobo como o UFC acaba sendo importante para ajudar a desmascarar a forma como essa emissora lida com seus telespectadores.
 
Mas há algo que precisa ser dito. Se a Globo é picareta, Galvão Bueno consegue ser ainda pior. Soltar um “voltamos ao vivo” em transmissão de replay é ir além. Se ficasse quieto o narrador ainda poderia alegar que fez seu trabalho e que a emissora era a responsável pela tentativa de ilusionismo comunicativo. Mas que nada, ele quis ser sócio da farsa.

Assista ao vídeo de um internauta que gravou a luta antes de ela ir ao ar, "ao vivo", pela Globo:

CPI já fisgou um tucano. Virão outros.

Publicado em 09/07/2012
Esta CPI do Robert(o) Civita já prestou um serviço inestimável.
O programa Entrevista Record Atualidade, que vai ao ar nesta segunda-feira na RecordNews às 22h15, logo após o programa do Heródoto Barbeiro, exibe entrevistas com os deputados Onyx Lorenzoni, do DEM-RS, e Cândido Vacarezza, do PT-SP, membros destacados da CPI do Robert(o) Civita.

Os dois concordam em pontos cruciais.

A CPI já deu resultados e vai continuar a dar.

Os próximos de depoimentos serão muito úteis.

O de Fernando Cavendish, dono da Delta, poderá revelar, segundo Lorenzoni, até que ponto o Governo Federal se deixou envolver pelas atividades ilegais da Delta, como o Estado de Goiás.

Lorenzoni lamenta que o Brasil não tenha seguido sugestão do Senador Pedro Simon que, a certa altura, quis fazer a CPI dos Empreiteiros – para interromper a sequência de CPIs que investigam corruptos e inocentam corruptores.

Vacarezza diz que não vai “blindar” o prefeito petista de Palmas, Tocantins.

E ele e Lorenzoni estão ansiosos pelo depoimento de Paulo Preto, que não foi arrecadador de campanha do Padim Pade Cerra, como esclareceu o William Bonner, num patético desmentido no jornal nacional.

Vacarezza lamenta que a CPI tenha decidido ouvir Paulo Preto, uma vez que ele foge do foco da CPI do Robert(o) Civita: o crime organizado em torno do Carlinhos Cachoeira, de que Policarpo Junior, ilustre diretor da Veja em Brasília, segundo Collor, era o “mastermind”.

Na opinião de Vacarezza, a CPI foi criada para ir pra cima do Carlinhos Cachoeira.

Mas, já que abriu o leque, ele está muito animado com o depoimento de Paulo Preto.

Que, se não foi “arrecadador”, fez empreitagens no Governo Cerra com a Delta, na marginal (sic) de São Paulo.

Vacarezza acha muito interessante que o PiG (*) queira fechar a CPI do Robert(o) Civita, na esperança de desacreditá-la.

O ansioso blogueiro concorda.

Esta CPI do Robert(o) Civita já prestou um serviço inestimável.

Mostrou, por exemplo, segundo o Demóstenes, que “o Gilmar mandou subir”.

Segundo a TV Record, foi possível melar o mensalão.

Descobrir que foram os tucanos que montaram a trampa dos aloprados para esconder as ambulâncias super-faturadas do Cerra e do Barjas Negri.

Que o brindeiro Gurgel talvez seja mais do que brindeiro: mas um prevaricador, segundo a denúncia de Fernando Collor, reafirmada por documentos da própria CPI.

(Apesar de repórter da Globo em Brasília pôr a mão no fogo por ele, em gesto jamais visto na Televisão Ocidental.)

A CPI do Robert(o) Civita vai fechar a Veja e, com ela a Abril.

A Veja se aproxima de seu Juízo Final.

E, como revelou o Leandro Fortes na Carta Capital, a Globo também pescou nas águas turvas do Cachoeira.

A ponto de ser obrigada a demitir insigne jornalista.

O Conversa Afiada reproduz abaixo documento que um deputado da CPI recebeu de sua assessoria.

Trata exatamente disso: de como a CPI do Robert(o) é óóóóóótima !

Não é à toa que o PiG (*) quer desmoraliza-la: um tucano ilustre já esta no papo.

Deputado,

Até o presente momento, a CPMI aprovou os seguintes requerimentos:

Quebras de Sigilo Pessoas Jurídicas 57
Quebras de Sigilo Pessoas Físicas 28
Convocações 110

A Polícia Federal havia quebrado os sigilos de 11, dessas 28 pessoas físicas, e 8, das 57 pessoas jurídicas.

A CPMI revelou as relações do governo Marconi Perillo com Carlos Cachoeira. A CPMI provou que:

1. Perillo vendeu a casa a Cachoeira em fevereiro;
2. A esposa de Cachoeira (Andressa Mendonça) contratou um arquiteto para reformar a casa em março (gastou mais de R$ 500 mil);
3. Cachoeira mandou rasgar o contrato com Perillo para que ele não aparecesse;
4. Tentou passar a casa para o nome de Deca (André Teixeira Jorge, auxiliar de cachoeira).
5. Solicitou que Wladmir Garcez vendesse a casa para Walter Paulo em julho.
6. Vendeu a casa a Walter Paulo por R$ 2,1 milhões.

Ainda sobre Perillo, a CPMI demonstrou que a cota de nomeação referida pela PF se confirma. Edvaldo Cardoso, presidente do Detran, é um dos integrantes dessa cota. Varias pessoas de segundo escalão foram indicadas por Cachoeira.

Lúcio Fiuza (Secretario Particular de Perillo), Eliane Pinheiro (chefe de gabinete do Governador Perillo), Jayme Rincon (tesoureiro do PSDB e presidente da Agetop), Ronald Bicca (Procurador Geral do Estado), entre outros secretários de Estado, têm relação direta com Carlos Cachoeira.

A CPMI apurou que a empresa fantasma de Cachoeira, Alberto e Pantoja, pagou dividas de campanha de Perillo para com o jornalista Luiz Carlos Bordoni e pesquisas de opinião de junto ao instituto Serpes (solicitada via Edvaldo Cardoso). Revelou ainda que outra empresa de Cachoeira, a Adercio e Rafael (atual G&C Construçoes), pagou dividas de campanha de Perillo para com Bordoni (segunda parcela).

Ou seja, já está provado que Perillo recebeu dinheiro do crime organizado.

Sobre o DF, a CPMI investigou e demonstrou que Carlos Cachoeira tentou, mas nao conseguiu corromper o governo. O foco foi a bilhetagem de ônibus.
A cpmi quebrou o sigilo bancário de 57 empresas, para buscar o CAMINHO DO DINHEIRO. A cpmi está no encalço de 13 empresas ligadas à evasão de divisas. Estas empresas estão sediadas no Uruguai, em Curaçao e nas Ilhas Virgens Britânicas. Essa será uma das principais colaborações da comissão.



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.