por Conceição Lemes, do Blog Viomundo
O doutor Marcio Sotelo Felippe, procurador do Estado de São Paulo, enviou-me por e-mail esta dica:
Dá uma olhada nesse vídeo. Terrível. Acho que é um documento e tanto. Foi feito por uma moça chamada Carmen Sampaio, que vai todos os dias lá levar ajuda humanitária.
Conferi. Cenário de catástrofe.
O olhar sensível e diferenciado de Carmen, as denúncias retratadas e seu pedido de ajuda me fizeram ir atrás dela.
Pensei que fosse de São José dos Campos. Mas não é. Mora no Jardim América, bairro de classe média alta de São Paulo, capital. Desde 23 de janeiro, dia seguinte à violenta desocupação do Pinheirinho, ela vai quase diariamente aos abrigos dos ex-moradores levar sua solidariedade. É astróloga, ativista de meio ambiente e direitos humanos.
Algumas observações de Carmen:
“Os despejados do Pinheirinho vivem um pesadelo muito maior do que podemos imaginar”.
“O poder público e parte da mídia tentam passar a impressão de que o Pinheirinho era área de traficantes, drogados, arruaceiros. Mas não é verdade. As pessoas que lá moravam eram trabalhadores, trabalhadoras, com suas famílias”.
“Parece que só agora os moradores de São José dos Campos começam a se dar conta da atrocidade que ali aconteceu. Por anos, foram educados para olhar Pinheirinho como ” o gueto”, aqueles que não são parte da cidade. A sensação é de que criaram uma cidade, dentro da cidade”.
“O Pinheirinho não era uma favela com barracos de madeira. Eles tinham casa de alvenaria, com fogão, geladeira, TV, móveis, etc. Agora, estão na miséria, amontoados em espaços insalubres, sem nenhuma privacidade, dormindo no chão. Num dos abrigos, há apenas TRÊS banheiros para mais de mil pessoas”.
“Há muitas grávidas e muitas crianças; estas ficam ao léu, pois não têm espaço adequado para brincar. Vi criança chorando de fome”.
“Estão desesperados pois o aluguel social é inferior aos valores cobrados na região. Além disso, imobiliárias exigem dois, três meses adiantados, que eles não têm como pagar. Alguns estão caindo na bebida”.
“É impressionante como têm vocação para a felicidade. Apesar das adversidades, eles mesmos começam a se organizar e buscar saídas. Só que a prefeitura não quer que eles se organizem, propositalmente logo trata de mudar alguns de lugar”.
Por tudo isso, Carmen está fazendo campanha para angariar doações de:
*Roupas — para bebê, crianças, jovens e adultos; é importante que estejam limpas e em bom estado.
* Produtos de higiene — escova de dente, creme dental, sabonete, xampu, papel higiênico, lenços umedecido
* Fraldas descartáveis, chupetas, mamadeiras, banheira de dar banho em bebê.
* Material escolar — caderno, lápis de cor, caneta esferográfica.
* Sandálias havaianas.
* Brinquedos.
Carmen já conseguiu juntar umas 600 pessoas nessa campanha. Quem quiser fazer alguma doação, pode ligar para a própria Carmen no celular 011 9620-2079. Já existem oito pontos de coleta na Região Metropolitana de São Paulo.
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