Foram 20 minutos de discurso previamente preparado, 44 pedidos nominais intercalados de desculpa e de perdão, apenas quatro senadores no plenário, várias críticas à imprensa e à Polícia Federal e um relato dramático pincelado com frases de efeito. O senador Demóstenes Torres , acostumado a proferir, da tribuna do Senado, ataques duros contra parlamentares,-- e até mesmo contra o ex presidente Lula-- mostrou, na tarde de ontem, a face de um homem público engolido pelas próprias atitudes, completamente triturado. Numa tentativa desesperada de tentar sensibilizar seus pares e salvar o mandato, despiu-se de uma de suas maiores marcas: a vaidade. Afirmou que quem estava ali, de peito aberto para pedir perdão, era "um homem envergonhado, abatido, deprimido, cansado e esgotado". Seguiu à risca o script com tom emocional e revelou que sua rotina é passar as noites mal dormidas tentando encontrar "os cacos de sua biografia".
Os pedidos nominais de perdão foram direcionados aos senadores que o apartearam para registrar confiança e solidariedade durante o discurso proferido em 6 de março. Em nenhum momento, pediu desculpas aos mais de 2 milhões de eleitores e ao DEM, seu antigo partido.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que o defendeu de maneira incisiva durante o primeiro discurso, foi um dos citados. Ele preferiu sair do plenário para não ouvir o que o parlamentar goiano tinha a dizer.
Apelo emocional
"Minha saga, a cada fim de noite mal dormida, é buscar em jornais, revistas, blogs e tevês os cacos de minha biografia"
"Nenhum cidadão merece tal castigo, até porque o desgaste ultrapassa a pessoa do massacrado e se estende à família, e não há situação mais angustiante do que olhar nos olhos dos filhos e, em vez do brilho habitual, ver nesse olhar a pergunta: quando essa atribulação vai acabar?" ...disse Demóstenes... Correio Braziliense
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