quinta-feira, 7 de junho de 2012

Veja rouba e grita "Pega ladrão!"

Veja faz plágio do 247 e atribui documento ao PT
Brasil 247

No início de abril deste ano, começaram a circular, na internet, vários rumores sobre uma viagem de Gilmar Mendes a Berlim. No dia 5 do mesmo mês, publicamos, no 247, uma reportagem intitulada “Movimento na web tenta intimidar Gilmar Mendes”. Primeira frase: “Uma ala poderosa da Polícia Federal, com diversos simpatizantes nos meios de comunicação, não engole há muito tempo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal”.

Neste fim de semana, a mesma frase está reproduzida num “documento” que Veja atribui ao PT, como prova de que o partido tinha em Gilmar um de seus alvos preferenciais na CPI do Cachoeira. A legenda, chamada “Plano de ataque”, diz que , “depois da tentativa frustrada de intimidação patrocinada pelo ex-presidente Lula, o PT produziu um documento repleto de insinuações contra o ministro Gilmar Mendes e os alvos preferenciais do partido na CPI”.

Fica claro, portanto, que Veja plagiou reportagem do 247 e atribuiu um de seus trechos ao PT, no que seria um plano maligno para desmoralizar as instituições no Brasil. Curiosamente, era uma reportagem em que tratávamos Gilmar como alvo de uma tentativa de intimidação – e não como alguém que tivesse feito algo de errado em Berlim.

Veja reproduz ainda outro trecho da matéria do 247. Um que diz que “um possível encontro do ministro Gilmar Mendes, do STF, com o senador Demóstenes Torres, em Berlim, já vem sendo usado como instrumento pelos que pretendem ressuscitar a Satiagraha”.

Portanto, o que Veja atribui ao PT é apenas uma reportagem do 247. Repita-se: uma reportagem em que Gilmar aparece mais como vítima do que como vilão da história.

Deve-se a descoberta à jornalista Cynara Menezes, de Carta Capital, que publicou o texto Control C + Control Veja em seu blog. Leia:


No centro do furacão desde que vieram à tona suas relações no mínimo pouco éticas com os bandidos da quadrilha de Carlinhos Cachoeira, a revista Veja parece ter pedido toda a noção de ridículo. Sua capa desta semana é uma farsa: o “documento” que a semanal da Abril alardeia ter sido produzido pelo PT como estratégia para a CPI de Cachoeira é, na verdade, um amontoado de recortes de reportagens de jornais, revistas e sites brasileiros.

Confira neste link os fac-símiles do suposto “documento” que a revista apresenta com “exclusividade” e compare com os outros links no decorrer deste texto: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/o-manual-do-pt-para-instrumentalizar-a-cpi-do-cachoeira

Segundo a revista, os trechos que exibe fariam parte de um “documento preparado por petistas para guiar as ações dos companheiros que integram a CPI do Cachoeira”. Mas são na realidade pedaços copiados e colados diretamente (o manjado recurso Ctrl C+ Ctrl V dos computadores) de reportagens de terceiros, sem mudar nem uma vírgula. O primeiro deles: “Uma ala poderosa da Polícia Federal, com diversos simpatizantes nos meios de comunicação, não engole há muito tempo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal” saiu de uma reportagem de 6 de abril do site Brasil 247, um dos portais de notícia, aliás, que os colunistas online de Veja vivem atacando com o apelido de “171″ (número do estelionato no código penal). Mas quem é que está praticando estelionato com os leitores, no caso?


Outro trecho do “documento exclusivo” de Veja é um “copiar e colar” da coluna painel da Folha de S.Paulo do dia 14 de abril: “Gurgel optou por engavetar temporariamente o caso. Membros do próprio Ministério Público contestam essa decisão em privado. Acham que, com as informações em mãos, o procurador-geral tinha de arquivar, denunciar citados sem foro privilegiado ou pedir abertura de inquérito no STF”.


Mais um trecho do trabalho de jornalismo “investigativo” com que a Veja brinda seus leitores esta semana: “Em uma conversa entre o senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira, gravada pela Polícia Federal (…)”, é o lead de uma reportagem do jornalO Estado de S.Paulo do dia 28 de abril.


Pelo visto, os espiões da central Cachoeira de arapongagem, que grampeavam pessoas clandestinamente para fornecer “furos” à Veja, estão fazendo falta à semanal da editora Abril…


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