terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mídia tenta criar polarização eleitoral "na marra" em SP

Em meio às incertezas que ainda permeiam a disputa eleitoral na capital de São Paulo, um tendência já se demonstra bastante sólida: o empenho, nada disfarçado, por parte da grande mídia em ocultar candidaturas e favorecer à manutenção da polarização política na cidade.


Todas as últimas pesquisas têm demonstrado que o eleitor reconhece o surgimento de novas lideranças e não está disposto a ser levado de roldão a escolher, necessariamente, entre os nomes de PT, PSDB ou o indicado pelo prefeito, do PSD.

É lícito dizer que estas são as três principais forças políticas da disputa - pois estão à frente, respectivamente, dos executivos nacional, estadual e municipal. Não é legítimo, no entanto, falsear a conjuntura de maneira a restringir a cobertura pré-eleitoral a estas alternativas. Mas é o que tem acontecido, basicamente, até agora.

Vejamos. Os pré-candidatos dessas legendas não figuram entre os primeiros colocados em nenhuma sondagem feita até aqui - à exceção de quando José Serra é o nome tucano, algo que já foi por ele rechaçado um sem número de vezes.

Ao contrário, em todas as pesquisas - inclusive nas quais Serra aparece -, uma diversa gama de pré-candidatos alcança posições de destaque, todos de outros partidos.

Resultado das pesquisas não se reflete na cobertura

Celso Russomano lidera no último Datafolha de 2011 e neste primeiro de 2012, em diversos cenários. Vale lembrar que este trocou de partido (anteriormente era do PP) justamente porque lhe foi assegurada a possibilidade de candidatura no PRB. No entanto, Russomano tem sido escanteado na cobertura pré-eleitoral e sequer teve seu nome incluído no último IBOPE.

Netinho de Paula, pré-candidato pelo PCdoB, muito embora alcance patamares muito expressivos (entre 13% e 15%) e esteja sempre nas primeiras colocações em todas as pesquisas, tem espaço bastante restrito nas matérias que tratam dos cenários para a sucessão na capital. E trata-se de figura pública conhecida por mais 90% do eleitorado e que vem de uma recente candidatura ao Senado que lhe rendeu mais de 7 milhões de votos, sendo quase 2 milhões na cidade de São Paulo.

O mesmo tem ocorrido com Soninha Francine e Paulo Pereira da Silva, que se apresentam por PPS e PDT, respectivamente. Gabriel Chalita ainda aparece de quando em vez, sempre vinculado ao cobiçado tempo de TV de seu partido, o PMDB.

Fato é que o resultado das pesquisas não tem se refletido na cobertura. Logo, a média da opinião popular tem sido desrespeitada de maneira flagrante, uma vez que a escolha de mais da metade do eleitorado não encontra eco nos meios de comunicação - a soma dos resultados de Russomano, Netinho, Soninha e Paulinho, em todas as últimas sondagens, ultrapassa 50%.

Cenário com múltiplas possibilidades

Obviamente, muita coisa ainda pode acontecer até o início da campanha. Alianças podem ser costuradas e definições importantes ainda precisam acontecer, a exemplo da indicação do candidato do PSDB e o posicionamento final do prefeito Gilberto Kassab, por ora ensaiando aproximação com o PT.

No entanto, já existem dados concretos que diferenciam esta das eleições anteriores e abrem margem para que outros partidos, legitimamente, apresentem seus quadros para a disputa. A ausência de personagens políticos fortes e com desempenho eleitoral já testado - como Marta Suplicy, Paulo Maluf e, até o momento, José serra - possibilita a disputa de grande número de eleitores.

Portanto, ao contrário do que pretendem os advogados da polarização, o cenário está aberto e com múltiplas possibilidades de desfecho.

Por que não debater novos atores e ideias?


A pergunta que fica para quem observa os meses anteriores à definição dos times que entrarão em campo é: por que desconhecer a existência de novos agentes políticos e novas ideias para enfrentar os desafios da cidade?

O razoável seria fazer o caminho inverso - ou seja, explorar a conjuntura para debater alternativas - e não ignorar postulações legítimas e respaldadas, até o momento, pelas intenções de voto aferidas.

O PCdoB de São Paulo considera um ganho para a cidade este quadro de múltiplas possibilidades e o surgimento de lideranças com energias renovadas para enfrentar os dilemas paulistanos. Com a candidatura Netinho de Paula, o partido segue firme em seu propósito de contribuir para a construção de uma São Paulo mais justa e desenvolvida.

Espera-se que todas as candidaturas, daqui por diante, tenham espaço para se posicionar e debater democraticamente suas posições.

Da Sucursal de São Paulo -  Vermelho Notícias

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