O SARAIVA
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Eleições 2012: PT conquista 635 prefeituras em todo o País
Partido aumentou 14% o número de cidades governadas em relação à eleição de 2008
A Secretaria Nacional de Organização divulgou o balanço dos resultados do PT nas eleições municipais de 2012.
O PT conquistou 635 prefeituras
nos dois turnos da votação e manteve o seu crescimento constante. De
acordo com o levantamento, em comparação às eleições de 2008 o Partido
ampliou em 14% o número de prefeituras.
(gráfico 1)
O PT recebeu 17.264.643 votos para prefeito, que é a maior votação de um partido nas eleições deste ano.
Entre as
cidades com mais de 150 mil eleitores, o PT venceu em 21 cidades, sendo
quatro capitais (São Paulo, Goiânia, João Pessoa e Rio Branco). Nestas
21 cidades estão hoje 16,1 milhões de eleitores.
De acordo com a
SORG, o Partido manteve a sua força nos grandes centros e aumenta a sua
capacidade ao eleger mais prefeitos e prefeitas nos pequenos e médios
municípios. Foram eleitos 264 prefeituras em cidades de 10 a 50 mil
eleitores e 298 em cidades de até 10 mil eleitores.
(gráfico 2)
Acesse aqui para ver o resumo completo elaborado pela Secretaria Nacional de Organização após o segundo turno.
*Via Portal do PT/RS http://portal.ptrs.org.br
PSDB é assim: para os amigos, tudo; para os adversários políticos, a força da lei
Enquanto em São Paulo o candidato derrotado
à prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB), faz discurso sobre a
ética de seu partido e usa “mensalão” em seus discursos para atacar a
oposição, em Goiás, seu colega e correligionário tenta escapar de mais
uma investigação.
Na segunda feira (29), o site do STF
informou que o governador de Goiás, Marconi Perillo, impetrou Mandado de
Segurança (MS 31689), junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), com
pedido de liminar para que ele não seja convocado ou obrigado a
comparecer perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que
investiga as atividades de Carlos Augusto Ramos, o bicheiro conhecido
por Carlinhos Cachoeira. Leia a matéria completa aqui
Também do Blog Os Amigos do Presidente Lula.
Haddad começou bem, arregaçando as mangas
De manhã cedo na segunda-feira voou para Brasília e encontrou-se com a presidenta Dilma para agradecer o apoio e estabelecer uma rotina de trabalho, com uma equipe de interlocução com o governo federal para trazer investimentos federais que existem e estão à espera de projetos. Haddad disse também que outro tema acertado com a Presidenta foi tratar da renegociação dos termos da dívida municipal, mas foi discreto ao não aprofundar sobre o assunto que, aparentemente, já estava em estudos no governo federal, diante da nova conjuntura da queda dos juros.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já declarou ser favorável em alterar o indexador da dívida dos estados e municípios do IGP-DI para a Selic, que tem taxas menores. "As negociações com São Paulo são complexas porque a dívida lá é maior", afirmou.
As medidas em estudo beneficiarão todos os municípios brasileiros em situação semelhante.
Ainda na segunda-feira, Haddad visitou o presidente Lula em seu instituto, para agradecer o apoio. Lula disse que saiu de cena no dia da vitória, porque a estrela da festa era o Haddad. Ao discursar para militantes na festa da vitória na Avenida Paulista na noite de domingo, Haddad brincou dizendo que era "um poste do Lula".
Na manhã de terça-feira, Haddad encontrou-se com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Haddad disse querer ir além de manter as parcerias existentes entre a prefeitura e o estado. Pretende explorar novas oportunidades. "Depois da eleição é hora de somar esforços para realizar os desejos expressos durante o período eleitoral. Colocaremos o interesse público sempre acima de qualquer outro interesse", afirmou.
Um dos primeiros assuntos tratados foi reunir esforços municipais, estaduais e federais para zerar o déficit de creches em São Paulo. O governo federal tem recursos para 170 creches, o governo estadual tem um programa e tem terrenos, e a prefeitura precisa fazer a sua parte reunindo todos estes recursos.
Alckmin recebeu o prefeito eleito com um largo sorriso, parecendo até aliviado com a vitória de Haddad em vez de Serra, e disse: "Há uma importante sinergia entre estado e município e quem ganha é a população. Sugeri para quando tivemos as equipes prontas, detalharmos as propostas de saúde, educação, transporte, segurança, saneamento, macro drenagem e os outros temas. Desejei um ótimo trabalho e vamos estar juntos em beneficio da população", afirmou o governador.
Sete segredos e uma pergunta que a grande imprensa esconde
É possível colher informações úteis na grande imprensa e aproveitar
ideias esclarecedoras que são apresentadas por alguns analistas. Mas,
são exceções. Além de não praticarem o jornalismo objetivo e
investigativo, no geral, a grande imprensa e os “grandes especialistas”
fazem das tripas coração para ocultar do público fatos e ideias que não
lhes convém divulgar.
1. Numa conversa de “alto nível” nas emissoras de TV, ninguém
quer ser um desmancha prazer. Afirmar que a eleição presidencial de
2014 está decidida seria o mesmo que falar um palavrão na frente da
garotada. No entanto, é óbvio que a presidenta Dilma Roussef, que já
era franca favorita, saiu da campanha eleitoral mais favorita ainda,
posto que os três principais partidos da base governista – PT, PMDB e
PSB – governam agora, nos municípios, 65 milhões de eleitores, contra
minguados 25 milhões dos dois principais partidos de oposição (PSDB e
DEM).
2. Silêncio! Falar ou escrever que a oposição se escondeu como
um bichinho acuado seria o mesmo que soltar o diabo no meio da
procissão. No entanto, é óbvio que a oposição não pôde se apresentar
como tal. Nenhum candidato ou partido oposicionista (?) ousou falar
contra o governo Dilma. Esconderam-se, ao contrário dos candidatos e
partidos da situação que faziam questão de ostentar sua posição
política pró-governo. Não queriam cair em desgraça. Falaram, quando
muito, contra o partido da presidenta, agitando com o Mensalão, num
tipo de discurso que explora o que há de mais atrasado na cultura
política nacional que é a posição antipartido em geral. José Serra
repetiu o tempo todo, como se fosse um achado literário, a vulgar
expressão “a turma do PT” para se referir ao partido do governo. Ora, em
2014, será a própria chefia do executivo federal que estará em
disputa. O que é que a oposição dirá ao eleitorado? Vai remendar a
bandeira rota do mensalão? Vai se apresentar como continuadora do
Governo Dilma? Nesse caso, apenas reforçarão a tendência da grande
maioria do eleitorado em votar na reeleição da presidenta.
3. Falar que a agitação em torno do Mensalão e a exploração da
homofobia evidenciam a inviabilidade eleitoral do programa político
real da oposição, nem pensar! Seria atrapalhar a democracia que exige a
“alternância no poder” – sempre que o poder não agrada a grande
imprensa, claro. No entanto, se o PSDB confinou-se no discurso
moralista contra a corrupção e na exploração do preconceito homofóbico é
porque o seu programa real, que é um programa neoliberal ortodoxo,
está em crise em toda América Latina e cada vez mais desmoralizado na
Europa. Onde encontrar o programa real, e não o programa retórico, do
PSDB?
Nas manifestações dos seus cardeais, deputados, economistas e
intelectuais no dia-a-dia da luta política e, no mais das vezes,
voltadas para um público restrito. Os tucanos vituperam contra a
recuperação do salário mínimo – ameaçaria a previdência e a estabilidade
da moeda, contra os programas de transferência de renda – o Bolsa
Família não teria “porta de saída”…, contra as quotas sociais e raciais –
ameaçariam o justo critério meritocrático e a unidade nacional…,
contra o “protecionismo” para a produção industrial local – criaria
cartórios…, contra a redução dos juros – esse desatino que nos afasta do
famigerado centro da meta de inflação, a política de investimentos do
BNDES etc. etc. Convenhamos que essas belas ideias, se reunidas num só
pacote e apresentadas ao grande público, são a senha certa para o
fiasco eleitoral. Melhor mesmo ficar na agitação contra a corrupção –
dos outros partidos, é claro…
4. E Aécio Neves, a estrela ascendente do estagnado PSDB?
Pegaria mal chamar atenção para o fato de que as “suas grandes
vitórias” nas eleições municipais consistiram em eleger candidatos a
prefeito pertencentes a um partido da base governista – o PSB – e não
candidatos oposicionistas do próprio PSDB? Aécio foi a Campinas fazer
comício para o candidato vitorioso Jonas Donizette, mas a propaganda
desse último fazia questão de ostentar sua condição de apoiador da
presidenta Dilma e de manter distância do partido de Aécio. Donizete
entoava nas rádios campineiras jingles enaltecendo o governo e a figura
da presidenta Dilma, nada de elogio ao tucanato. Essa foi uma das
“vitórias” que Aécio organizou para a “oposição”!
5. Falar que a maioria definiu o voto politicamente seria
cometer o pecado mortal de valorizar a vitória dos candidatos odiados
pela grande imprensa e pelos “grandes especialistas”. No entanto, se a
população votou em nomes desconhecidos, como o de Fernando Haddad em
São Paulo, não seria, justamente, porque usou como critério para
definir o voto o campo político que esse nome, até então desconhecido,
representava? Carisma de Lula? Mas, além de ninguém saber ao certo o
que poderia significar “carisma”, a grande imprensa e os “grandes
especialistas” sempre disseram que carisma não se transfere… E o
“conceito” de “poste”? Vale lembrar que a expressão foi muito usada na
época da ditadura militar para indicar o seguinte: a maioria sufraga os
nomes, conhecidos ou não, que se declarem contra a ditadura, isto é, o
voto em “poste”, como foi dito da candidatura senatorial vitoriosa de
Orestes Quércia em 1974, era – corretamente – avaliado como um voto
politizado, e não como voto personalista. Mudaram-se os tempos,
mudaram-se os interesses, mudaram-se, sem pejo, os conceitos.
6. Seria falta de modos perguntar, numa mesa redonda de um canal
qualquer de TV, quantas vezes a antiga UDN, à qual o PSDB se parece
cada vez mais, derrotou o varguismo agitando a bandeira da luta contra a
corrupção? José Serra, depois de obter 78% dos votos nos Jardins, o
bairro onde reside a alta burguesia paulistana, e míseros 16% no
proletário bairro de Parelheiros, terá, a exemplo do candidato
presidencial udenista, o Brigadeiro Eduardo Gomes, a franqueza e a
resignação para desdenhar os votos dos “marmiteiros”?
7. Nas mesas redondas, quadradas e retangulares montadas pelas
emissoras de TV, não se diz nada que extrapole a alternativa PT/PSDB;
mas, esperar uma discussão sobre a possibilidade de acumulação de
forças de um programa político popular, alternativo ao programa do
governo atual, seria iludir-se quanto à natureza de classe da grande
imprensa e dos “grandes especialistas”.
8. Onde se pode ler, ver e ouvir mais bobagens, abobrinhas e
ideias repletas de segundas intenções? Nos jornalismo político, no
jornalismo econômico, no cultural ou na imprensa esportiva?
Armando Boito Júnior é professor do Departamento de Ciência Política – Unicamp
No Escrevinhador
Um balanço das eleições municipais
Emir Sader
As eleições municipais foram sobre determinadas pelas eleições de São
Paulo. Em primeiro lugar porque é o centro dos dois partidos mais
importantes do Brasil nas últimas duas décadas. Em segundo, pelo peso
que a cidade tem no conjunto do país – pelo seu peso econômico, por ser
sede de dois dos 3 maiores jornais da velha mídia. Esse caráter
emblemático foi reforçado porque o candidato opositor ao governo federal
foi o mesmo candidato à presidência derrotado há dos anos, enquanto o
candidato do bloco do governo federal foi indicado pelo Lula, que se
empenhou prioritariamente na sua eleição. E pelo fato de que São Paulo
era o epicentro do bloco da direita, que se estendia ao Paraná, Santa
Catarina e aos estados do roteiro da soja, no centro oeste do Brasil
As eleições municipais tiveram claros vencedores e derrotados. O maior
vencedor foi o governo federal, que ampliou o numero de prefeituras
conquistadas pelos partidos que o apoiam, mas principalmente conquistou
cidades importantes como São Paulo e Curitiba, arrebatadas ao eixo
central da oposição. Ao mesmo tempo que a oposição seguiu sua tendência a
se enfraquecer a cada eleição, ao longo de toda a ultima década,
perdendo desta vez especialmente a capital paulista, mas também a
paranaense e em toda a região Sul, Sudeste e Centro Oeste, em que os
tucanos não conseguiram eleger nenhum prefeito nas capitais.
No plano nacional, avança claramente a base aliada, com dois dos seus
partidos fortalecendo-se: PT e PSB e enfraquecendo-se relativamente o
PMDB. Houve uma certa fragmentação no interior da base aliada e mesmo no
bloco opositor, mas nada que mude a tendência, que se consolida ao
longo da década, da hegemonia do bloco governamental, apontando a que
nas eleições de 2014 Dilma apareça como a franca favorita,
A eleição de São Paulo se dá na contramão da tendência que se havia
consolidado nas eleições presidenciais de 2006 e 2010, em que o
Nordeste, de bastião da direita, se havia tornado bastião da esquerda,
pelo voto popular dos maiores beneficiários das politicas sociais que
caracterizam o governo federal desde 2003. Por outro lado, se havia
deslocado o bastião da direita para os estados mais ricos do sul, do
sudeste e do centro-oeste, com São Paulo – onde os tucanos tinham a
prefeitura e o governo do Estado – como eixo fundamental desse bloco
opositor.
A derrota em São Paulo, a nova derrota do seu ex-candidato duas vezes à
presidência e a incapacidade de eleger sequer um prefeito em toda essa
região, demonstra como a direita se enfraquece também onde concentrava
seu maior apoio.
Por outro lado, somando erros do PT e campanhas com forte apoio de
governos estaduais que detem, aliados do governo derrotaram o PT em
várias cidades importantes entre elas Belo Horizonte, Recife, Salvador e
Fortaleza, como as mais significativas. Somente em um caso – Salvador –
essa derrota se deu para a direita. Revela erros – em alguns casos
gravíssimos do PT, como Salvador e Recife – do PT e limitações da ação
de Lula e de Dilma para compensar esses erros. Um grande chamado de
atenção sobre fraquezas do PT, sem que afete em nada a projeção
eleitoral presidencial para 2014.
A derrota em São Paulo é um golpe duro para os tucanos, que sempre
contavam com um caudal grande de votos paulistas para ter chances de
compensar os votos do nordeste dos candidatos do PT e agora se veem
enfraquecidos em toda a região onde antes triunfavam. Eventuais
candidatos presidenciais como Aécio – quase obrigado a se candidatar,
embora com chances muito pequenas de um protagonismo importantes, quanto
mais ainda de vencer – ou Eduardo Campos – sem possibilidades de se
projetar como líder nacional foram dos marcos do bloco do governo, que
já tem Dilma como candidata para 2014 -, são objeto de especulações
jornalísticas, à falta de outro tema, mas tem reduzidas possibilidades
eleitorais.
O julgamento do processo no STF contra o PT foi um dos temas centrais de
Serra e revelou sua escassa influência eleitoral diante da imensidade
dos problemas das cidades brasileiras e do interesse restrito da
população, apesar da velha mídia tentar fazer dele o tema central do
Brasil. Nas urnas, o povo demonstrou que sua transcendência é muito
restrita a setores opositores e à opinião publica fabricada pelos
setores monopolistas da velha mídia. Os implicados no julgamento ao
basicamente dirigentes paulistas do PT, mas a eleição em São Paulo
demonstrou como o julgamento e a influência da velha mídia continuam a
ser decrescentes.
Outros temas podem ser analisados a partir do resultado eleitoral, mas
eles não alteram em nada fundamental o transcurso da politica
brasileira, que segue centrada em torno da resistência do governo aos
efeitos recessivos da crise capitalista internacional, para elevar os
índices de crescimento da econômica e seguir expandindo as políticas
sociais.
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Eleições,
Emir Sader
Do Blog O Esquerdopata.
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