A semana não foi nada boa para o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), marcada por duas desastradas ações policiais, com ampla desaprovação popular – a continuação da ocupação policial da cracolândia e a agressão de um estudante negro da USP –, sem falar do desabamento de um laje de uma obra da secretaria estadual de cultura, em que um operário morreu.
Mas no Jornal Nacional, da TV Globo, o tucano tem sido mostrado como se nada tivesse a ver com os problemas, pelo contrário, fosse o herói pronto para resolvê-los. O governador liberou a Polícia Militar para ocupar a USP (Universidade de São Paulo), inclusive com repressão. Quando a coisa desandou para a agressão ao estudante, o Jornal Nacional noticiou, com atraso de um dia, o que deu tempo de editar uma matéria ao gosto do Palácio dos Bandeirantes. Alckmin foi mostrado dando declarações dignas de "justiceiro", dizendo que puniria os erros e não toleraria abusos.
No caso da cracolândia, o noticiário do Jornal Nacional foi tendenciosamente favorável à ação, colhendo só depoimentos favoráveis. O tratamento "vip" dispensado ao governador tucano paulista mostra que Alckmin é a atual aposta da TV Globo para "salvador da pátria" contra Dilma, Lula e o PT.
José Serra (PSDB-SP) é tratado pela imprensa como carta fora do baralho. Desde seu "até breve" no dia da derrota na eleição presidencial de 2010, ele não dá as caras no Jornal Nacional. Aécio Neves (PSDB/MG), de promessa, virou decepção, e também está descartado. Não tem a língua afiada de um Carlos Lacerda. Seu suposto carisma não ultrapassa as fronteiras de Minas. O "conciliador" virou desagregador com o fato do livro "A Privataria Tucana" ter raízes no jornal Estado de Minas. O suposto "hábil articulador", em um ano de liderança da oposição, fez o DEM, PSDB e PPS minguarem, deixando a oposição mais frágil do que nunca esteve antes.
Cronologia de um telejornal "alckmista"
3 de janeiro – o Jornal Nacional dedicou dois minutos para ocupação policial da cracolândia paulistana. Só deu voz ao comandante da operação e a supostos populares que aprovaram a ação. Tratou a ação policial como se estivesse em curso o restabelecimento da ordem e solução do problema. Veja aqui.
6 de janeiro – o que foi noticiado como solução virou problema. O JN dedidou 2m17s em socorro ao governador, no estilo laudo bolinha-de-papel. Arranjou uma pesquisa dizendo que 47% dos frequentadores da cracolândia aceitariam algum tratamento, se fosse oferecido. Também empurrou o problema apenas para a prefeitura de Kassab, poupando o governador. Veja aqui
7 de janeiro – JN finge de morto. Nenhuma notícia sobre a cracolândia. O jornal O Estado de S.Paulo havia noticiado pela manhã que Alckmin, Kassab e cúpula da PM não sabiam de ação na cracolândia.
10 de janeiro – o JN dedicou apenas 32 segundos lacônicos, com a câmara fixa no locutor lendo a notícia, sem nenhuma imagem, para dizer que "o Ministério Público de São Paulo vai instaurar um inquérito civil para apurar a ação da PM e da prefeitura na Cracolândia". Nenhuma palavra, e muito menos imagens da guerra campal acontecida no final da noite anterior, com a PM abrindo fogo com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênico contra usuários.
11 de janeiro – o JN voltou a retratar a figura do "governador bom e justo", ao dizer que o governo proibiu a PM de usar bombas e balas de borracha. A matéria teve 1m55s. Mostrou queixas de comerciantes e moradores para onde migraram os "nóias". Engatou tendas de assistência social da prefeitura de Kassab. A voz crítica do promotor Eduardo Valério que abriu inquérito contra a ocupação desastrada só mereceu 11 segundos, e foi seguida dos 19 segundos da palavra final da Secretária de Justiça de Alckmin. (http://goo.gl/8lIma)
Episódio 2: Truculência e racismo
9 de janeiro – o Jornal da Record levou ao ar cenas de um Policial Militar paulista agredindo gratuitamente um estudante negro dentro da USP.
10 de janeiro – O Jornal Nacional esperou até a noite do dia seguinte para levar a notícia ao ar. Tempo suficiente para editar uma matéria ao gosto do Palácio dos Bandeirantes. A notícia abriu com o afastamento das ruas dos dois policiais envolvidos no episódio. Depois narrou os fatos corretamente, inclusive o problema racial, criou o enredo entre os "bons" e os "maus", para então "atucanar" a matéria. Ao aparecer o governador, em vez de perguntar se a Polícia deveria estar ali envolvida na remoção forçada de um diretório acadêmico, o governador entrou já dizendo, de forma genérica, que puniria os erros e não toleraria abusos.
Mas no Jornal Nacional, da TV Globo, o tucano tem sido mostrado como se nada tivesse a ver com os problemas, pelo contrário, fosse o herói pronto para resolvê-los. O governador liberou a Polícia Militar para ocupar a USP (Universidade de São Paulo), inclusive com repressão. Quando a coisa desandou para a agressão ao estudante, o Jornal Nacional noticiou, com atraso de um dia, o que deu tempo de editar uma matéria ao gosto do Palácio dos Bandeirantes. Alckmin foi mostrado dando declarações dignas de "justiceiro", dizendo que puniria os erros e não toleraria abusos.
No caso da cracolândia, o noticiário do Jornal Nacional foi tendenciosamente favorável à ação, colhendo só depoimentos favoráveis. O tratamento "vip" dispensado ao governador tucano paulista mostra que Alckmin é a atual aposta da TV Globo para "salvador da pátria" contra Dilma, Lula e o PT.
José Serra (PSDB-SP) é tratado pela imprensa como carta fora do baralho. Desde seu "até breve" no dia da derrota na eleição presidencial de 2010, ele não dá as caras no Jornal Nacional. Aécio Neves (PSDB/MG), de promessa, virou decepção, e também está descartado. Não tem a língua afiada de um Carlos Lacerda. Seu suposto carisma não ultrapassa as fronteiras de Minas. O "conciliador" virou desagregador com o fato do livro "A Privataria Tucana" ter raízes no jornal Estado de Minas. O suposto "hábil articulador", em um ano de liderança da oposição, fez o DEM, PSDB e PPS minguarem, deixando a oposição mais frágil do que nunca esteve antes.
Cronologia de um telejornal "alckmista"
3 de janeiro – o Jornal Nacional dedicou dois minutos para ocupação policial da cracolândia paulistana. Só deu voz ao comandante da operação e a supostos populares que aprovaram a ação. Tratou a ação policial como se estivesse em curso o restabelecimento da ordem e solução do problema. Veja aqui.
6 de janeiro – o que foi noticiado como solução virou problema. O JN dedidou 2m17s em socorro ao governador, no estilo laudo bolinha-de-papel. Arranjou uma pesquisa dizendo que 47% dos frequentadores da cracolândia aceitariam algum tratamento, se fosse oferecido. Também empurrou o problema apenas para a prefeitura de Kassab, poupando o governador. Veja aqui
7 de janeiro – JN finge de morto. Nenhuma notícia sobre a cracolândia. O jornal O Estado de S.Paulo havia noticiado pela manhã que Alckmin, Kassab e cúpula da PM não sabiam de ação na cracolândia.
10 de janeiro – o JN dedicou apenas 32 segundos lacônicos, com a câmara fixa no locutor lendo a notícia, sem nenhuma imagem, para dizer que "o Ministério Público de São Paulo vai instaurar um inquérito civil para apurar a ação da PM e da prefeitura na Cracolândia". Nenhuma palavra, e muito menos imagens da guerra campal acontecida no final da noite anterior, com a PM abrindo fogo com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênico contra usuários.
11 de janeiro – o JN voltou a retratar a figura do "governador bom e justo", ao dizer que o governo proibiu a PM de usar bombas e balas de borracha. A matéria teve 1m55s. Mostrou queixas de comerciantes e moradores para onde migraram os "nóias". Engatou tendas de assistência social da prefeitura de Kassab. A voz crítica do promotor Eduardo Valério que abriu inquérito contra a ocupação desastrada só mereceu 11 segundos, e foi seguida dos 19 segundos da palavra final da Secretária de Justiça de Alckmin. (http://goo.gl/8lIma)
Episódio 2: Truculência e racismo
9 de janeiro – o Jornal da Record levou ao ar cenas de um Policial Militar paulista agredindo gratuitamente um estudante negro dentro da USP.
10 de janeiro – O Jornal Nacional esperou até a noite do dia seguinte para levar a notícia ao ar. Tempo suficiente para editar uma matéria ao gosto do Palácio dos Bandeirantes. A notícia abriu com o afastamento das ruas dos dois policiais envolvidos no episódio. Depois narrou os fatos corretamente, inclusive o problema racial, criou o enredo entre os "bons" e os "maus", para então "atucanar" a matéria. Ao aparecer o governador, em vez de perguntar se a Polícia deveria estar ali envolvida na remoção forçada de um diretório acadêmico, o governador entrou já dizendo, de forma genérica, que puniria os erros e não toleraria abusos.
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