Autor: Luis Nassif
Dias atrás li a Dora Kramer se queixando no Twitter de que as acusações contra Fernando Bezerra não tinham eco na oposição porque muitos tucanos sonham com a candidatura do governador pernambucano Eduardo Campos.
A consequência era previsível. Hoje o Estadão ataca Campos, chamando-o de coronel por ter sido presumivelmente responsável pela indicação de parentes para cargos no Estado. A matéria acusa Campos de atropelar a Constituição e tem como fonte exclusiva Jarbas Vasconcellos, o magoadíssimo Jarbas, que compara Campos a um ditador implacável. O repórter admite dificuldades em localizar outros oposicionistas dispostos a criticar um governador que tem recordes de aprovação e admiradores até na oposição, além do meio privado – Jorge Gerdau é fã incondicional da capacidade administrativa de Campos.
Agora, a Eliane Cantanhede informando que o PT não tem candidato para as eleições de 2018. Poderia olhar mais longe e afirmar que nem para 2022. E, talvez, nem para 2026.
Trata Campos como um “trator”, por eleger a mãe para o TCU. Não dá exemplos dos atos de tratoragem. As de Serra consistem em dossiês e alimentar a imprensa para ataques à reputação. Ou alguém hoje em dia tem dúvida de que a suposta história do Aécio batendo na namorada não saiu dos esquemas de disseminação de injúrias de Serra? Mas a relativização de ações graves dos aliados, assim como a dramatização de ações menores dos “inimigos” (qualquer um que ameace o espaço do aliado), faz parte dessa perda de rumo atual da mídia.
O curioso é que as “acusações” saem simultaneamente na reportagem e nas colunas. Nem se espera mais a publicação para “repercutir”.
“Acusa” Campos de estar com um pé em cada canoa, sem se dar conta de que nesse exato momento – sob os olhos gerais – está sendo moldado um novo desenho político, um rearranjo geral e irrestrito da situação e da oposição. As placas tectônicas da política se movimentam como nunca o fizeram desde a redemocratização. Há um novo desenho sendo construído, com alguns atores iniciais relevantes, mas ainda naquela fase pré-modelagem em que alianças são testadas, lideranças postas à prova, novos discursos sendo gestados.
Enfim, um quadro riquíssimo, exigindo analistas argutos, capazes de vislumbrar em que rios esses afluentes irão desembocar, quem serão os novos atores principais, quais as potencialidades e vulnerabilidades de cada um, quais as alianças possíveis.
Mas Eliane só consegue enxergar pessoas com um “pé em cada barco”, a parte mais visível e óbvia de um cenário em transformação.
O jogo anterior já acabou, mas não se dão conta. O político José Serra acabou. E quanto mais tempo demorarem para admitir, mais estarão asfixiando uma nova oposição e fortalecendo o governo que pretendem combater.
A blindagem de José Serra acabou. Em qualquer nova campanha, haverá levantamentos sobre sua vida pública, dos precatórios de Montoro, às importações de equipamentos médicos daquele período, aos sanguessugas da Saúde e às operações atuais. E, depois do livro de Amaury Ribeiro Jr, todos seus pecados – que não são poucos – ganharão nova leitura. Saiam do aquário e conversem, não com adversários, mas com antigos admiradores de Serra, no campo intelectual e/ou empresarial.
Às vezes esse comportamento de parte da mídia me lembra muito a síndrome do “amor bandido” – entendido como a atração trazida pelo sujeito, não necessariamente bandido, mas sem limites.
Por Sanzio
Eliane Cantanhede escreve em sua coluna de hoje na Folha que o PT não tem candidato à eleição presidencial de 2018. É isso mesmo, não é piada. Essa moça já tem idade suficiente para evitar constrangimentos a si própria, como fez com relativa frequência nos últimos anos, que já lhe renderam o título de Miss Febre Amarela e Musa das Massas Cheirosas. Talvez fosse o caso de fazermos uma vaquinha para mandá-la ao oculista:
“Quanto a Eduardo Campos, que passou o trator para eleger a própria mãe ministra do TCU: ele dança conforme a música. Está com um pé no governo Dilma, mas ensaia passos com Aécio e com Kassab. Ou seja, está em todas. Ou quase todas.
Os planos do governador passam mais pelo PSDB de Aécio e o PSD de Kassab do que pelo PMDB e pelo PT. Um tem a Vice-Presidência hoje, mas nunca se sabe o dia de amanhã. O outro tem Dilma para concorrer à reeleição, mas não parece, a olho nu, ter ninguém no horizonte para 2018. E a estratégia de Campos, que de bobo não tem nada, inclui a Vice em 2014 e a disputa pelo Planalto em 2018.”
Por Fernando Curi
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